sábado, abril 03, 2010

Desdobramentos dos acontecimentos do último dia 30 em Itanhém


O último dia 30 foi, sem dúvida, um dos dias mais marcantes na história da pequena e pacata Itanhém. Às 11h30 min uma emboscada contra o sargento da reserva, Antônio Carlos Borges da Silva, resultou na morte dele e em soldado ferido. O soldado PM Paulo Sergio Pinheiro, que estava no mesmo veículo em que o sargento, foi atingido por três disparos de arma de fogo, sendo um próximo à boca, um próximo à testa e outro de raspão na altura de um dos ombros. Mesmo ferido, ele conseguiu escapar e sobreviveu.Durante a noite, dois corpos foram encontrados há 10 km da sede do município, em uma localidade conhecida como Ladeira do Bucho.
Tanto a polícia civil, quanto a militar apostam na hipótese de vingança. Há cerca de dois anos, o patriarca da família de produtores rurais, Luiz de Jesus São Leão, morreu assassinado. O motivo do crime seria uma antiga disputa de terras, entre os São Leão e os Sena Santos, família do conhecido fazendeiro Zenon. Em 21 de fevereiro de 2008, o Ministério Público da comarca de Itanhém denunciou na justiça, os irmãos Márcio Sena Santos e Kássio Sena Santos, além do sargento da reserva Antônio Carlos Borges e o pistoleiro identificado por Gilmar, como os principais acusados pela morte de S. Luiz. Os acusados chegaram a cumprir penas preventivas, mas atualmente estavam em liberdade. Segundo alguns moradores de Itanhém, os irmãos São Leão teriam jurado vingança pela morte do pai.
No último dia 30, o sargento Borges teria ido até Itanhém para ser ouvido sobre uma tentativa de assassinato que teria sofrido há alguns dias. Ao contrário do que foi primeiramente divulgado, ele foi ouvido na delegacia e não no Fórum, além disso, o assunto em discussão seria a tentativa de assassinato que o próprio havia sofrido e não quanto à morte de Luiz Jesus São Leão.
Ao retornar para Medeiros Neto pela BA 290, o sargento Borges e o soldado que o acompanhava, foram surpreendidos por uma emboscada. Segundo a versão da polícia civil de Itanhém, sete veículos participaram da ação, sendo dois caminhões, dois automóveis modelo gol, duas motos e um carro de carroceria, que tanto pode ser uma caminhote saveiro como uma strada. Os veículos pequenos e um dos caminhões teriam saído de Itanhém seguindo o Cross Fox em que estavam os militares, uma das motocicletas estaria à frente desses carros para coordenar a ação e avisar ao condutor do segundo caminhão sobre o momento de aproximação. O segundo caminhão vinha na direção contrária, ou seja, de Medeiros Neto para Itanhém. O encontro aconteceu na altura do Km 6 da BA 290. Os caminhões teriam imprensado o Cross Fox, enquanto os demais veículos terminavam de fechar o cerco. Ainda segundo a versão dos policiais, pelo menos dez homens teriam descido dos veículos para efetuarem a execução. Segundo a perícia, o Cross Fox foi alvejado por balas de calibre 12 e também por uma pistola 380. O sargento Borges, antes de morrer, ainda conseguiu atirar contra a porta de um dos caminhões.
Logo depois do crime, uma guarnição de policiais militares chegou ao local, em seguida, chegou o delegado de Itanhém, Jorge Silva Nascimento. Pouco tempo depois, o vereador de Itanhém, Juarez São Leão, teria ido até a câmara municipal de vereadores, para pedir uma carona, ele contou que havia sido comunicado sobre um acidente de trânsito envolvendo o caminhão de um dos seus irmãos, assim, o também vereador, Deuzivan Silva teria concordado em levar o colega ao local do suposto acidente. Ao chegarem ao local, a polícia que já trabalhava com a versão de vingança, teria indagado ao Juarez São Leão sobre a possibilidade de ele ser um dos mandantes do crime, incomodado com a situação, Juarez teria retornado ao carro e voltado para a cidade na companhia de Deuzivan.
Já em suas residências, os vereadores teriam sido interpelados por alguns dos policiais militares, que os teriam agredido fisicamente e os conduzido até a delegacia. Juarez, chegou a ter a casa invadida pelos militares, que mesmo sem mandado, entraram na casa e abordaram ao vereador com violência. Feridos, os vereadores foram conduzidos para hospitais. Deuzivan foi atendido em um hospital de Itanhém e Juarez foi conduzido para o Hospital Municipal de Teixeira de Freitas. Segundo a versão da polícia civil, ambos haviam passado mal, e por isso teriam sido levados aos hospitais.
No início da noite, os policiais civis foram avisados sobre a existência de dois corpos e de um veículo carbonizado na região da Ladeira do Bucho. Por volta das 19h00 do mesmo dia, já com a presença de agentes policiais e peritos de Teixeira de Freitas, incluindo o coordenador, Marcus Vinícius, os policiais civis realizaram a remoção dos corpos. Um dos homens era o taxista clandestino conhecido como “Branquinho”, o segundo homem, que ainda não teve sua identidade revelada, estava em Itanhém há pouco mais de quarenta dias. Segundo policiais, Branquinho já registrava passagens na delegacia por facilitação de fuga e envolvimento com o tráfico de drogas. Apesar de não descartar o vínculo entre os crimes, os policiais também não os confirmam. Populares afirmam que os dois homens teriam sido levados por policiais militares por volta das 14h00 do mesmo dia.
Pouco depois do levantamento cadavérico, agentes chegaram à delegacia de Itanhém conduzindo Vanderlei da Silva Chaves, ele foi levado como suspeito de ter fornecido armas para o crime. Em depoimento, ele confirmou que conhecia a família São Leão, mas que as armas encontradas eram de propriedade do pai dele, conhecido como Zé Roxo. Depois do depoimento, Vanderlei permaneceu em custódia por algumas horas, mas acabou liberado pelo juiz da comarca de Itanhém.
http://www.sulbahianews.com.br/ver.php?id=5876#

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