segunda-feira, novembro 14, 2011

Professor da Uesc diz que baianas rebolam como ´chimpanzé doido´

Recentes opiniões no Facebook de um professor da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) a respeito do comportamento das baianas e das nordestinas andam causando polêmica na rede social e, principalmente, fora dela. O professor estaria ou não sendo preconceituoso? Depoimentos postados pelo professor Marcos Peres abrem, mais uma vez, uma discussão sobre o que pode e o que não pode - ou não deve - ser postado nas redes sociais.
Tudo começou depois que o professor disse no facebook que "a música baiana e nordestina (axé, arrocha, tecno-forró, etc., etc...) deprecia e vulgariza demasiadamente a mulher". Um pouco depois, o professor fez outras observações provocativas sobre o tema. Primeiro postou um vídeo com trecho do filme "Vem dançar", onde mostra um casal ensaiando o tango. E volta a comentar: "Uma dica para as mulheres baianas e nordestinas aprenderem o que é sensualidade. Viva o tango!!". Dois minutos adiante, completa o raciocínio: "Não precisa mostrar a bunda e rebolar como chimpanzé doido para se chamar atenção dos homens... kkkk".
Há pelo menos um fato que faz a polêmica ganhar ainda uma maior repercussão. Marcos Peres é professor de "Sociologia da Educação" na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Cabe a ele justamente estimular a análise em salas de aula sobre o estudo de sociedades culturalmente diferentes. Como, por exemplo, a Bahia, onde agora trabalha, do estado de origem dele: São Paulo.
O Jornal Bahia Online conseguiu apurar que Peres foi nomeado para lecionar na Uesc no início deste ano na condição de professor-adjunto no Departamento de Filosofia. É novo na região. Marcos nasceu em Campinas e formou-se pela USP. Além da Uesc, o professor trabalha na Faculdade de Ilhéus. Alunos do professor ouvidos pelo JBO ficaram surpresos com as postagens. Peres é considerado um professor tranquilo que não se envolve em polêmicas na sala de aula. "Deve ter sido mesmo um deslize", garantiu um aluno que preferiu ficar no anonimato.
O Jornal Bahia Online tentou contato com o professor através das duas instituições de ensino, mas não obteve êxito. Já o reitor Joaquim Bastos, também procurado pela reportagem, considerou as declarações lamentáveis mas disse que, pelo fato de o professor não ter se expressado no exercício da função de educador, ou seja, na sala de aula, está livre de uma sindicância na universidade. "Ele que arque com as consequências do que afirmou". Bastos disse que lamenta que isso ainda ocorra em uma universidade que tem lecionando profissionais de 40 países e que 80 por cento do seu quadro docente seja de outras regiões do País.
Anos atrás, um outro professor da Uesc foi demitido após se envolver em um debate preconceituoso. Este caso, no entanto, foi na sala de aula e a punição foi inevitável. Uma outra professora também deixou a instituição depois de não concordar com um posicionamento político de um estudante e ter dado nota baixa ao não aceitar a reflexão do aluno numa avaliação de aprendizado. Dias depois, a prova foi revisada por professores de outras instituições, por exigência do aluno reprovado, que terminou obtendo uma nota bem melhor. A professora preferiu pedir transferência para Recife.
No caso de Marcos Peres, em um dos comentários publicados a respeito de sua opinião, uma outra pessoa, de Campinas, que aparenta conhecer o autor das frases, questiona a análise do professor. "Marcão, se pensarmos assim, temos tb o funk carioca, sertanejos do interior de SP e até o próprio carnaval (como o próprio nome diz....) mas tem muito trabalho nordestino bom, assim como nos outros estilos tb. Salve a música boa e a poesia!". E Marcos Peres reforça o que já havia dito: "Claro, concordo... a poesia é ótima... Luiz Gonzaga, Dominguinhos, mas esse lixo musical de tecno-forró ou tecno-axé não tem nada que preste...".
http://www.jornalbahiaonline.com.br/index.asp?noticia=15738

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