domingo, abril 27, 2014

A vida após a aposentadoria

João Eugênio Gonçalves, 77 anos, oftalmologista, é um dos médicos pioneiros de Brasília. Trabalha desde 1957. Considerado por muitos um workaholic (viciado em trabalho), ele não pensa em parar. Ainda faz consultas, cirurgias, frequenta congressos de oftalmologia no Brasil e no exterior — no ano passado, esteve em Chicago. Também estuda todos os dias: cerca de quatro horas, até 1h da madrugada. “Se eu quero continuar trabalhando, preciso me manter bem informado. Médico não pode estar desatualizado”, justifica. Estudo publicado, no ano passado, pelo centro de pesquisas da Institute of Economics Affairs (IEA), de Londres, na Inglaterra, confirma o que o oftalmologista defende: a aposentadoria levaria a um “drástico declínio da saúde” a médio e longo prazos. De acordo com o trabalho, as pessoas deveriam trabalhar por mais tempo por questões de saúde física e mental. A pesquisa comparou as pessoas que se aposentaram com a idade mínima necessária com as que continuaram a trabalhar mesmo depois de aptas a saírem de cena. A descoberta foi que há uma pequena melhora na saúde e na qualidade de vida imediatamente após a aposentadoria, mas uma queda significativa no funcionamento do organismo desses indivíduos a longo prazo. Segundo a pesquisa, a aposentadoria pode elevar em 40% as chances de se desenvolver depressão, enquanto aumenta em 60% a possibilidade do aparecimento de um problema físico. O resultados são os mesmos tanto para homens quanto para mulheres. Se, por um lado, segundo a Organização Mundial de Saúde, a depressão é uma das maiores causas de aposentadoria por invalidez, por outro, aposentar-se pode ter um efeito desastroso para muita gente. É importante se sentir útil. “Cabeça vazia, oficina do diabo”, já dizia o ditado.

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