sexta-feira, novembro 27, 2020

Dia da Consciência Negra comemorado no Presídio de Itabuna

Música, poesia, exposição de arte plástica, comida tradicional e até palestra. Assim foi o dia dos reeducandos que participaram de um evento em comemoração ao Dia da Consciência Negra no Conjunto Penal de Itabuna (CPI), nessa quinta-feira (26). Com a participação do grupo de percussão Encantarte, da banda Negras Perfumadas e do músico David Nascimento, o evento encheu de alegria corações e mentes dos participantes. “Nem parece que estamos presos”, disse um dos internos, saboreando um acarajé que foi servido após as comemorações. O acontecimento foi a culminância do programa de Remição pela Leitura desenvolvido na unidade, que é administrada pela empresa Socializa – Soluções em Gestão, em regime de cogestão com o governo do estado. “Foi realmente um dia diferente. Eles tiveram oportunidade de ouvir ainda mais sobre o tema que discutimos ao longo do mês, em nossas oficinas, e puderam fixar e absorver melhor aquilo que representa o Novembro Negro e o Dia da Consciência Negra”, explicou a professora Rute Praxedes, coordenadora do programa. O mobilizador cultural Egnaldo França, coordenador do grupo Encantarte, militante do Movimento Negro e mestre em História, disse que era uma grande alegria discutir consciência negra num ambiente prisional. Ele aproveitou para desfazer o mito do negro “escravo” e da aceitação da escravidão por parte do povo preto, explicando que os negros foram escravizados, mas jamais foram ou são escravos. “Não existe essa história que os livros contam, de que fomos passivos. Aqui mesmo, em Ilhéus, houve revolta de pessoas escravizadas”, lembrou. Depois de muita música, inclusive com reeducandos participantes do projeto Um Toque à Liberdade, foi servido um lanche com uma das iguarias mais apreciadas da cultura negra no Brasil: acarajé, recheado com tradições, identidade e cultura, deliciosamente acompanhado de muita história e ancestralidade. “Nem parece que estamos presos”. E realmente não estavam presos, porque “o espírito é livre, a consciência é livre, e a consciência negra pode estar em qualquer lugar”, explicou Egnaldo. Lembrando o dia 25 de novembro, Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, a líder da banda Negras Perfumadas, Jaqueline Paula dos Santos, aproveitou para dar seu recado. “Não esquecendo que lugar de mulher é onde ela quiser. Chega de violência contra a mulher”.

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