segunda-feira, janeiro 04, 2021

Arcebispo de Belém é acusado de abuso sexual

Um grupo de 37 associações da sociedade civil divulgou nota pública defendendo o "imediato afastamento" do Arcebispo de Belém (PA), Dom Alberto Taveira Corrêa, de 70 anos. Ele é alvo de investigações da Polícia Civil e do Ministério Público por suposto abuso sexual contra seminaristas. O caso veio à tona quando o arcebispo fez um pronunciamento, no início de dezembro, para se defender do que chamou de "acusações de imoralidade". Detalhes das apurações foram reveladas em reportagem do jornal El País e também pelo Fantástico da TV Globo. O programa trouxe relatos de jovens que afirmam ter encontrado o arcebispo na casa dele e terem sido tocados intimamente por ele em um quarto entre 2010 e 2014. De acordo com os hoje ex-seminaristas, havia ainda conversas sobre uma suposta cura da homossexualidade. Inclusive o arcebispo teria dado aos jovens um livro com procedimentos para tratamento. Para que eles não contassem o ocorrido, teriam sido ameaçados. O documento subscrito por entidades como o núcleo paraense da Associação Brasileira dos Juristas pela Democracia, publicado no último dia 24, manifesta apoio às investigações e requer que "seja observado o direito à ampla defesa e ao contraditório do Sr. Arcebispo, mas também que sejam garantidos os direitos das vítimas ao devido processo legal e acesso à justiça, sem interferências indevidas". O grupo diz que o afastamento "visa garantir a eficiência e a efetividade das investigações" e frisa que "as instituições públicas envolvidas devem propiciar ambiente seguro, sem risco de retaliações para colher eventuais depoimentos e denúncias de outras vítimas". "As instituições subscritoras confiam nas autoridades eclesiásticas e no sistema de justiça para esclarecer os fatos e preservar os direitos e a integridade de investigados e de vítimas dos crimes citados e que venham a ser comprovados", diz o documento das 37 associações. Em vídeo publicado no site da Arquidiocese de Belém, dom Alberto Taveira chamou as acusações de "imoralidade", mas não citou o teor da investigação. "Digo que recebi com tristeza há poucos dias a informação de existência de procedimentos investigativos com graves acusações contra mim sem que eu tenha sido previamente questionado, ouvido ou tido qualquer oportunidade para esclarecer esses pretextos fatos postos nas acusações", relatou o arcebispo. Na gravação, Taveira diz que confia na Justiça brasileira para o esclarecimento das "falsas imputações" e afirma estar "totalmente disponível às autoridades, tanto eclesiásticas como civis, para que a realidade seja restabelecida". Ordenado sacerdote em 15 de agosto de 1973, dom Alberto Taveira exerceu o ministério na Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), foi reitor do seminário, professor da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Minas Gerais, pároco, vigário forâneo e episcopal para a Pastoral e Capelão de Hospital. Foi ordenado Bispo, como Auxiliar de Brasília, em 1991. Foi membro da CELAM (Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal Latino- Americano) de 1995 a 1999. Em 1996, tomou posse como primeiro Arcebispo Metropolitano de Palmas (TO). Já em 2009, foi nomeado o 10º Arcebispo Metropolitano de Belém. É ainda assistente da Fraternidade das Comunidades de Vida e Aliança em nome do Dicastério Pontifício para os Leigos, Vida e Família, membro da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), vice-Presidente do CONSER Norte II da CNBB e assistente nacional da Renovação Carismática Católica. Dom Alberto é presidente do Instituto Dom Vicente Zico, grão chanceler da Faculdade Católica de Belém, presidente da Fundação Nazaré de Comunicação e presidente da Festa do Círio de Nazaré. Ele também apresenta programas religiosos na TV e no rádio e escreve para jornais e para o portal da CNBB. É autor do livro Retiro Popular Quaresmal, da editora Canção Nova.

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