A direção da Fifa busca apoio dos filiados sobre a proposta de realizar a Copa do Mundo a cada dois anos, e não quatro como sempre foi feito. A CAF, a Confederação Africana de Futebol, já sinalizou que pode apoiar em bloco a ideia caso ela entre na pauta de um Congresso futuro —já seriam garantidos assim 56 dos 211 votos possíveis. A proposta salienta que a mudança de formato faria com que o torneio, por exemplo, chegasse à África pela segunda vez — a Copa foi realizada no continente apenas uma vez, em 2010, na África do Sul. Candidato a sede derrotado para as edições de 2006, 2010 e 2026, o Marrocos seria uma opção natural, mas a Fifa incentivaria uma candidatura conjunta com outros países. Um grupo de estudos foi criado para avaliar o "impacto" de realizar o torneio a cada dois anos. A ideia, que tem o presidente da Fifa, Gianni Infantino, como principal entusiasta tem duas bases principais: 1) dar chance a mais seleções chegarem à etapa final da competição (e para isso também já houve o acréscimo de 32 para 48 participantes a partir de 2026); 2) aumentar a possibilidade de países serem sedes do torneio. O item 2 agradou em cheio aos africanos, que viam como possibilidade remota ser sede de uma Copa novamente a médio prazo. Em 2010, o torneio foi para a região porque a Fifa criou um rodízio, justamente para evitar que o continente saísse derrotado em uma disputa, então somente países da África puderam se candidatar. Rodízio que durou apenas mais uma Copa, até a de 2014, que só teve o Brasil como concorrente da América do Sul. Se a ideia da Fifa for aprovada, a Copa passaria a ser a cada dois anos após 2026, que será na América do Norte e pela primeira vez disputada em três países: EUA, Canadá e México. Seria um alento para a federação internacional, que acomodaria várias candidaturas já engatilhadas. No formato atual, com a Copa quadrienal, 2030 tem hoje dois continentes concorrentes: a América do Sul, com uma inédita candidatura quádrupla (Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai) e a Europa, que tem a Inglaterra interessada (Fifa quer abrir o leque para um projeto não apenas inglês, mas do Reino Unido, ou seja, com Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte juntos) e Espanha e Portugal unidos em uma proposta conjunta. Ainda há, na fila, a China. O país hoje tem os principais parceiros privados da Fifa e receberia o primeiro Mundial de Clubes com 24 participantes, em 2021, mas que foi adiado sem previsão por causa da pandemia. Há, nos bastidores da Fifa, a certeza de que os chineses são favoritos para a Copa de 2034, se o formato atual se mantiver. Mas se mudar, tudo se encaixa melhor. Os europeus poderiam receber a edição de 2028, com os sul-americanos ficando com o centenário das Copas em 2030, que voltaria à origem já que estreou no Uruguai em 1930, e chineses e os candidatos da África sendo escolhidos entre 2032 e 2034. A Copa do Mundo bienal seria mais uma peça na alteração organizacional que a Fifa planeja para o futebol depois de 2024. A entidade criou um grupo liderado pelo ex-técnico do Arsenal Arsene Wenger que discute novos formatos para o calendário mundial. Entre as ideias está deixar um ou dois meses anuais exclusivos para jogos de seleções e o restante para competições nacionais e continentais de clubes, além das férias. Seriam menos datas-Fifa, hoje distribuídas em nove dias por cinco meses ao ano, mas que seria compensada com a Copa do Mundo a cada dois anos. Quem apresentou a proposta da Copa bienal foi a federação da Arábia Saudita, no Congresso realizado virtualmente no fim de maio. Na verdade, um ato burocrático, já que o movimento para se analisar a ideia partiu do grupo liderado por Wenger, mas que precisava de uma federação bancando. Caso a comissão criada dê o parecer positivo, será preciso a aprovação via Congresso, com voto das 211 federações filiadas —são encontros anuais, realizados entre maio e junho e o próximo será em 2022. (Uol)
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