O Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), emitiu na tarde desta quinta-feira (17) uma Nota Declaratória expressando "descontentamento e desaprovação" à atitude do professor de Sociologia, Marcos Peres, protagonista de uma polêmica no facebook, quando escreveu que "mulheres baianas e nordestinas não precisam mostrar a bunda e rebolar como chimpanzé doido para chamar a atenção dos homens".A declaração gerou polêmica depois que foi denunciada, com exclusividade pelo Jornal Bahia Online e ganhou destaque em diversos outros veículos de comunicação do sul da Bahia. Marcos Peres é professor de "Sociologia da Educação" na Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). Cabe a ele justamente estimular a análise em salas de aula sobre o estudo de sociedades culturalmente diferentes. Segundo a nota emitida pelos próprios colegas de departamento, "providências cabíveis estão sendo tomadas".
O Jornal Bahia Online apurou que, durante reunião do departamento, ocorrida na última quarta-feira (16), o assunto ganhou forte repercussão e os colegas exigiram esclarecimentos. Uma comissão formada por três professores avalia o conteúdo da declaração, após ouvir a versão de Peres que, internamente, chegou a reconhecer que exagerou. Pelo Facebook, no entanto, ele tratou a polêmica com um certo tom de ironia. "Tem gente confundindo facebook com autobiografia", escreveu. "Tem gente confundindo facebook com revista Caras... Recordando nosso grande Ziraldo: "quem mostra a bunda em Caras, não mostrará a cara em Bundas", afirmou. O professor da Uesc e da Faculdade de Ilhéus postou ainda uma foto de uma muçulmana e comentou: "beleza exótica e sensualidade a flor da pele das muçulmanas que usam burca e nem... vejam que elas nem precisam posar de biquini na praia e mostrar a bunda como as brasileiras pra serem sensuais", afirmou.
A nota emitida pelo Departamento de Filosofia e Ciências Humanas da Uesc expressa publicamente que é contra qualquer tipo de discriminação e manifestação de intolerancia, sejam elas no ambito racial, etnico, de classe, de origem e sobretudo de genero. Considera ainda que entre as muitas manifestações de violência contra as mulheres, a humilhação, a depreciação e menos valia em razão de aparência estão entre as mais freqüentes, porém menos reconhecidas. "No entanto, a violência simbólica produz estigmas, sendo uma forma de discriminação há muito considerada pela Convenção pelo Fim da Todas as Formas de Discriminação a Mulher (1984), Convenção de Belém do Pará (1995) e pela Lei Maria da Penha (2006), como violação de direitos humanos, devendo ser denunciada, enfrentada e eliminada", lembra a nota.
"Manifestações de tal escopo são consideradas inaceitáveis, revelam padrões culturais identificados com a intolerância social e a valorização de modelos únicos de beleza. Propõem a inibição social de jovens e mulheres adultas, produzindo prejuízos à sua identidade e afirmação social", conclui.
Peres foi nomeado para lecionar na Uesc no início deste ano na condição de professor-adjunto no Departamento de Filosofia. É novo na região. Marcos nasceu em Campinas e formou-se pela USP.
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