quarta-feira, novembro 30, 2011

Enem é esperança de futuro para 2,7% dos 10 mil presos na BA

Dos cerca de 10 mil presidiários do Estado, entre condenados e provisórios, apenas 276 (2,76%) inscreveram-se para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), realizado nos últimos dois dias em penitenciárias do país.
Na Bahia, as provas aconteceram em 15 unidades prisionais. Este é o terceiro ano consecutivo em que o exame, não obrigatório, é oferecido a pessoas privadas de liberdade, incluindo jovens sob medida socio-educativa.
Na Penitenciária Lemos Brito (PLB), a maior do Estado, com 1.418 presos, 78 detentos (5,5%) fizeram as provas este ano, contra 96 (6,7%) em 2010, segundo o diretor da unidade, capitão Márcio Amorim de Marcelo. De acordo com ele, a exigência do Cadastro de Pessoa Física (CPF) para inscrição no concurso fez com que o número de candidatos diminuísse.
“Nós incentivamos para que eles (os detentos) participem. Acreditamos na transformação das pessoas. Mas para isso é preciso que eles estejam confiantes”, disse o capitão, há dois anos à frente da PLB.
Na segunda-feira, após fazer as provas de ciências humanas e suas tecnologias, o sul-mato-grossense de Corumbá, Anderson Gomes, 32, afirmou que se saiu bem e que, obtendo nota, espera ainda cursar agronomia.
“Os assuntos giraram em torno do tema meio ambiente, a água, o solo. Além de questões de história, sobre a colonização”, descreveu o detento.
Gomes foi condenado a 12 anos de reclusão, acusado de tráfico de drogas. Em 2008, ele foi preso, em Salvador, com 10 kg de pasta-base de cocaína. Esta foi a segunda vez que ele fez as provas do Enem. Disse que ficou bem colocado em 2010, mas que a falta de informação impediu que ele fosse adiante na realização de seu sonho.
Maior traficante - Quem também fez as provas do Enem 2011 na PLB foi Raimundo Alves de Souza, mais conhecido como Ravengar. Aos 58 anos, bem mais magro, Ravengar está preso desde 2004, acusado, àquela época, de ser o maior traficante de entorpecentes da Bahia.
Condenado a 22 anos de prisão, ele contou que quer estudar sociologia, pois “o sistema no mundo está muito contraditório”.
A coordenadora de atividades laborativas da PLB, Tânia Santos Lúcia, explicou que os presos tiveram aulas de revisão durante dois dias da semana passada, com professores da Universidade Estadual da Bahia (Uneb).

Nenhum comentário: