quarta-feira, novembro 30, 2011
Ronaldo vai comandar o Comitê-2014
O xeque-mate ainda está longe para qualquer um dos lados, mas o xadrez político em que se transformou a briga entre o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, ganhou uma nova peça, fundamental na estratégia do brasileiro. Depois de anunciar Andrés Sanchez como novo diretor de seleções, Teixeira recebeu, na noite de segunda-feira, a notícia que esperava para poder se dedicar exclusivamente ao combate com o inimigo suíço: convidado para sucedê-lo na presidência do Comitê Organizador Local (COL) da Copa de 2014, como antecipado pela coluna "Panorama Esportivo", Ronaldo Fenômeno aceitou o desafio. Numa entrevista coletiva, amanhã, ele dirá que posição assume nesse tabuleiro.
Com o Rei Pelé, outro desafeto de Teixeira, cooptado pelo governo federal, a escolha de um ícone capaz de legitimar e, principalmente, agilizar as ações do COL, em especial em Brasília, onde o trânsito do dirigente engarrafou após a saída do ex-presidente Lula, foi um movimento bem estudado. Ronaldo é a figura acima de qualquer suspeita, como foi Michel Platini para os franceses em 1998, Franz Beckenbauer na Copa da Alemanha, em 2006, e mesmo Danny Jordaan, diretor executivo na organização da Copa de 2010, na África do Sul, e hoje um nome de alta credibilidade na Fifa.
- Ronaldo abre portas e pode ajudar no sentido de apaziguar os ânimos. É o nome certo - disse Carlos Alberto Parreira, durante a Soccerex, a Feira de Negócios do Futebol, que termina hoje, no Rio. - Ele vai à Brasília, ajudará a Joana (Havelange, diretora executiva do COL e filha de Ricardo Teixeira) a abrir as portas, é a complementação que faltava. Temos que pôr a mão na massa, o tempo está correndo. O jeitinho brasileiro só funciona até certo ponto.
Senador pede saída da 9ine
Financiado pela Fifa, o COL, além de Joana, tem como membros o advogado Francisco Mussnich (diretor jurídico), Ricardo Trade (coordenador de operações) e Rodrigo Paiva (diretor de comunicação). Embora tudo leve a crer que Ronaldo será anunciado como presidente, função para a qual Ricardo Teixeira já havia convidado o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, ainda resta uma dúvida quanto à nomenclatura do cargo. Pessoas próximas ao ex-craque revelaram que alguns clientes da 9ine, a empresa de marketing esportivo de Ronaldo em sociedade com o amigo e empresário Marcos Buaiz e o grupo britânico WPP - dono da Ogilvy - torceram o nariz para a novidade. Em Brasília, o senador Álvaro Dias (PSDB -PR), opositor de Teixeira desde os tempos da CPI do Futebol, não perdeu tempo. Disse que, antes de assumir a presidência do COL, Ronaldo deveria se desligar da empresa que administra a carreira de pelo menos três jogadores da seleção brasileira: Neymar, Leandro Damião e Lucas.
- Há conflito de interesses. Ronaldo precisa se afastar totalmente dessas atividades para entrar no COL. Não podemos obrigá-lo a isso, mas é o que deve ser feito - disse Álvaro Dias.
O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, não quis confirmar se Ronaldo será efetivamente presidente do comitê. De forma áspera, como costuma tratar aqueles que não são de seu círculo mais próximo, disse simplesmente que a escolha de Teixeira fora certeira. Não custa lembrar que Sanchez e Ronaldo se tornaram amigos fieis desde a passagem do ex-jogador pelo clube paulista, pelo qual ganhou um Campeonato Estadual e uma Copa do Brasil.
- Ronaldo não terá nenhum problema em assumir, é preparadíssimo. Tudo que toca dá certo - afirmou o dirigente, que não vê problemas de uma substituição de comando no COL há quase três anos da Copa, rebatendo as insinuações de que o craque seria uma figura conciliadora entre o COL e a Fifa. - Ele não vai conciliar nada, trabalhará pelo país, não pela Fifa.
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