terça-feira, janeiro 17, 2012

Portela vem à Bahia para reencontrar suas origens

"Eu tenho certeza que esse carnaval vai marcar o ressurgimento da Portela". Com essas palavras, o carnavalesco Paulo Menezes sintetizou perfeitamente o espírito de cada trabalhador do barracão da escola mais vitoriosa do carnaval carioca.
Em um incômodo jejum de títulos, que está prestes a completar 30 anos, a escola de Madureira deixou a condição de favorita para amargar anos de ostracismo, convivendo com problemas durante os desfiles e até mesmo o risco de rebaixamento para o Grupo de Acesso, algo impensável em outros tempos.
Para voltar a exibir a grandeza de outrora, a escola apostou em um tema que conhece bem: a Bahia, presente, dentre outros, no seu último campeonato, com "Contos de Areia". O enredo deste ano, que versa sobre as festas do povo baiano, tem várias afinidades com o seu antecessor, como o próprio Menezes admite. Segundo ele, essa é a melhor forma de retomar a tradição vitoriosa da agremiação:
"Uma vez vi uma baiana tocando a águia e se benzendo antes de um desfile da Portela. Isso me marcou muito.Isso é Portela: é tradição, é história. Mas vamos mostrar que é uma história viva. Temos Tia Surica, Paulinho da Viola, uma Velha Guarda maravilhosa", pontua o artista.
De acordo com o carnavalesco, este carnaval foi pensado justamente para marcar esse reencontro da escola com suas origens e tradições. Menezes classifica todo o resultado do trabalho de barracão como "um presente para o portelense".
A Portela teve ainda uma dificuldade adicional, já que foi afetada pelo grande incêndio que destruiu barracões da Cidade do Samba antes do carnaval de 2011:
"Estamos batalhando. Voltamos para o barracão apenas no dia 9 de dezembro, antes estávamos trabalhando em uma tenda improvisada. Aqui dentro a estrutura é de outro nível. Estávamos trabalhando em um carnaval grandioso, nossos carros alegóricos são bem grandes, então muita coisa só foi começar a ser feita aqui", explica Alex Fab, diretor de carnaval da escola.
O que aguça o otimismo dos portelenses são as inúmeras coincidências deste carnaval com o de 1984. Em ambos a escola falou sobre a Bahia, teve Clara Nunes como figura central no enredo e marcou a inauguração do Sambódramo, que será reinalgurado após uma grande reforma neste ano.
"É uma coisa cabalística. Quem é supersticioso tem tudo para se animar ainda mais. Esse ano promete", garante o coreógrafo Marcio Moura. (JB)

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