sexta-feira, maio 03, 2019

Série da Netflix chama Lula, FHC, Aécio e Temer de ladrões

Criticada em sua primeira temporada por atirar contra Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Aécio Neves e Michel Temer, a série O Mecanismo volta no dia 10 sem medo de desferir novos golpes contra políticos, tanto de esquerda quanto de direita. Logo na abertura, totalmente reformulada, esses personagens da vida real são chamados de "ladrões". A nova vinheta é embalada por Reunião de Bacana, canção do grupo Exporta Samba regravada por Bezerra da Silva (1927-2005), conhecida pelos versos "se gritar 'pega ladrão', não fica um, meu irmão". Na série da Netflix, a faixa é interpretada pelo cantor Antonio Pinto. Enquanto a música toca, são mostrados vídeos de vários políticos, empresários, doleiros e empreiteiros com os olhos cobertos por uma tarja desfocada --o único diferente é o ex-presidente Michel Temer, que surge apenas com os olhos à mostra e o resto do rosto fora de foco. Apesar do recurso, todos são reconhecíveis.
Estão na "lista de ladrões" de O Mecanismo nomes que atravessam a história da política no Brasil, de Tancredo Neves (1910-1985), ao próprio Michel Temer, passando por José Sarney, Fernando Collor de Mello, Itamar Franco (1930-2011), Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff, Geraldo Alckmin, Sérgio Cabral, Aécio Neves, José Serra e Eduardo Cunha. Também aparecem na abertura Zélia Cardoso de Mello, Marco Maciel, Romero Jucá, Delcídio do Amaral, Guilherme Afif, Guido Mantega, Nestor Cerveró, Antonio Palocci, Alberto Youssef, José Dirceu, Marcelo Odebrecht, Geddel Vieira Lima, Luiz Fernando Pezão, Paulo Roberto Costa e Joesley Batista. Ao mesmo tempo, imagens de prédios de Brasília vão sendo cobertos por uma mancha que simula lama, uma crítica nada discreta à situação política do país. A referência direta (ainda que desfocada) a pessoas reais vai de encontro à estratégia montada por José Padilha e Elena Soarez, cocriadores de O Mecanismo, de usarem nomes diferentes (mas muito parecidos) para os personagens da série. Foi assim que o doleiro Alberto Youssef virou Roberto Ibrahim (Enrique Diaz), Dilma Rousseff se tornou Janete Ruscov (Sura Berditchevsky), Michel Temer é chamado de Samuel Thames (Tonio Carvalho) e o Aécio Neves da ficção ganhou o nome Lúcio Lemes (Michel Bercovicht). A segunda temporada de O Mecanismo se passa em 2014, após as eleições presidenciais que reelegeram Janete. Verena (Carol Abras) já prendeu 12 dos 13 principais empreiteiros do Brasil. Fica faltando um, o maior de todos: Ricardo Brecht (Emilio Orciollo Netto, em clara alusão a Marcelo Odebrecht). (Daniel Castro)

Nenhum comentário: