O estudante de licenciatura em artes, Jean Isaac, é o primeiro homem trans bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia. “Ser o primeiro baiano, trans, preto, pesquisador da Fapesb, é revolucionário, mas ao mesmo tempo triste”. Ele ressalta que as pessoas transgêneras no país não possuem o mesmo acesso à educação que o restante da população. Jean se tornou o primeiro bolsista devido ao seu trabalho de extensão, realizado na Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufsb), intitulado Gota Trava, que consiste no estudo da iluminação e design de som para a cena, a partir das desobediências de gênero. De acordo com a professora da Ufsb e orientadora do projeto, Dodi Tavares Borges Leal, a iluminação cênica tem muito a ganhar com o olhar de um músico como Jean, sobretudo no sentido de compreender quais as formas visuais das desobediências de gênero poderiam ser desconstruídas a partir das provocações sonoras trans e pretas que Jean tem produzido. “É fundamental que a primeira pessoa trans a receber uma bolsa de pesquisa na Fapesb seja uma pessoa trans e negra. Ao mesmo tempo que é triste devido ao reconhecimento tardio, também é motivo de orgulho, pois não foi fácil chegar até aqui, visto que as condições passadas e atuais não são nem um pouco favoráveis para que pessoas trans possam ter uma vida acadêmica com dignidade”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário