Uma criança de dois anos, que sofre com displasia do desenvolvimento do quadril, conhecida também como luxação do quadril, foi submetida a uma cirurgia inédita no sul da Bahia, na Santa Casa de Misericórdia de Itabuna. O paciente, que já recebeu alta médica para concluir a recuperação em casa, foi submetido ao procedimento porque nasceu com defeito no encaixe entre o fêmur e o osso do quadril. De alta complexidade, o procedimento foi considerado um sucesso pelo médico ortopedista pediátrico Gustavo Bahia, que atuou junto com os colegas Antônio Gonçalves e Rafael Garcia. A cirurgia durou cerca de quatro horas e o paciente foi liberado do leito pediátrico do Hospital Manoel Novaes dois dias depois. A previsão dos médicos é que em dois meses a criança esteja recuperada. De acordo com Gustavo Bahia, o paciente será submetido ao total de duas cirurgias, uma em cada lado do corpo para o correto encaixe entre o fêmur e o osso do quadril. Primeira foi feita no lado esquerdo. O segundo procedimento, no lado direito do quadril, está previsto para daqui a seis meses e, segundo o especialista, a criança seguirá com todos os movimentos normais depois da fase de recuperação. A displasia de quadril é uma doença genética, que pode ser diagnosticada assim que a criança nasce. “Quando isso ocorre, é possível fazer um tratamento conservador. Ou seja, sem a necessidade da criança ser submetida ao procedimento cirúrgico. Mas quando o problema não é descoberto cedo, a doença evolui para a luxação do quadril, onde a cabeça do fêmur já saiu totalmente do lugar”. O ortopedista infantil Gustavo Bahia explica que a cirurgia para correção do quadril da criança é inédita no sul da Bahia, pois antes, por falta de especialistas em ortopedia pediátrica, os pacientes com indicação de cirurgia eram levados para centros como Salvador. “Agora estamos oferecendo esse tipo de atendimento aqui na região, porque temos um médico da especialidade e a Santa Casa conta com toda a estrutura, com centro cirúrgico completo e UTI pediátrica”, conta o profissional. Gustavo Bahia alerta que, caso não seja feito a correção do quadril da criança a tempo, a pessoa pode crescer com dificuldades de movimentos, que podem atrapalhá-la nas atividades cotidianas, como trabalhar e estudar. “Porque a cabeça do fêmur, que está fora do lugar, vai morrendo. Isso vai gerar uma artrose precoce, com a criança tendo de fazer uma cirurgia de prótese, que vai gerar limitações na vida dela. Quando é feita essa correção no tempo certo, a pessoa terá uma vida normal”, esclarece. O médico destaca que a displasia de quadril pode ser detectada ao nascimento por meio do teste de Barlow ou teste Ortolani, associado a uma ultrassonografia. Quando a doença é descoberta logo nos primeiros meses de nascimento, pode-se usar um tipo de suspensório especial, o Pavilik, que é prendido nas pernas e tórax do bebê. Nesse caso, esse suspensório é usado durante três meses, sempre com o acompanhamento de um especialista, para impedir a progressão da doença e corrigir a deformidade de forma precoce.
Nenhum comentário:
Postar um comentário