Mensagens extraídas do celular do PM Luiz Paulo Dominguetti mostram que o então diretor de Logística substituto do Ministério da Saúde, tenente-coronel Marcelo Blanco, e o policial negociaram também a venda de vacinas para a rede privada. Um grande trecho de conversa entre os dois, obtido pela coluna, mostrou também eles negociando o pagamento de uma possível propina usando criptomoedas. Em 9 de fevereiro, o agora ex-assessor do Ministério da Saúde perguntou a Dominghetti se o preço de US$ 12,51 oferecido ao governo poderia ser feito para a rede privada. Na ocasião, Dominguetti negou, afirmando que o preço seria exclusivo para governos e que a AstraZeneca não estaria disponível para empresas. Blanco o chama, junto com Cristiano Alberto Carvalho, representante oficial da empresa Davati, para a qual Dominghetti também trabalhava, para uma reunião em Brasília. O aplicativo de mensagens registrou naquele momento várias trocas de ligações. Dias depois, em 19 de fevereiro, em uma nova conversa, Dominguetti disse que as coisas evoluíram para outro caminho no Ministério da Saúde e apontou dificuldades de negociação com a pasta. Em 22 de fevereiro, Blanco escreve que os dois precisam “desenhar uma estratégia visando esse mercado”. O tenente-coronel demonstrou, então, em áudios, novo interesse de levar as vacinas para a rede privada. Dominghetti respondeu que conseguiria o mesmo preço para a rede privada, menor preço do mercado (US$ 3,97 a dose). Na sequência, coronel Blanco perguntou se eles poderiam fazer o próprio preço. Dominghetti sugeriu, então, abrirem uma empresa, no que parece ser uma vinculação com a venda para o governo e a venda para a rede privada, o que possivelmente pode caracterizar crime de advocacia administrativa. Com a liberação do governo, Domighetti disse então que já poderiam rodar os contratos. O PM referia-se às 400 milhões de doses da Astrazeneca, que se encontravam na Índia, conforme documento que é carregado na conversa dos dois, e de responsabilidade de uma empresa americana. Em 1º de março, Blanco se mostrou otimista. Em 8 de março, Dominghetti pediu uma conta para depósito. “Vamos depositar 1 milhão dólares agora”, afirmou. Dominghetti falou da concorrência de outros grupos, que seria preciso agir rápido, senão perderiam a oportunidade. Falaram em acertar com “Edinho e todo o grupo”. Há um “Eduardo” citado na conversa. Dominghetti perguntou se tiveram avanço no banco. O tenente-coronel Blanco responde que não, e que acredita que não vai andar, “por conta de informações que não deixaram os operadores confortáveis”. Na sequência, Blanco disse que “não sentiram firmeza”. Outra mensagem de Dominghetti indica que seriam usadas criptomoedas na transação, o que tem sido um método cada vez mais comum de movimentar dinheiro sujo. (Metrópoles)
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