Oito pessoas investigadas pela morte do cacique Lucas Santos de Oliveira, em dezembro de 2023, foram presas nesta segunda-feira (19). Os mandados de prisão e busca e apreensão foram cumpridos no âmbito da 'Operação Para Raios', na cidade de Pau Brasil, no sul da Bahia. As investigações apontam que Lucas Kariri-Sapuyá, como o cacique de 31 anos era mais conhecido, foi vítima de uma emboscada. Ele foi assassinado por dois homens armados em uma motocicleta na estrada de Pau Brasil. Segundo a Polícia Civil, os alvos foram localizados após um trabalho tático e de inteligência. Também foram apreendidas duas armas de fogo, 11 celulares, porções de entorpecentes, balanças de precisão e munições. Cerca de 200 policiais civis participaram da ação liderada pela Coordenação de Conflitos Fundiários (CCF/Gemacau), que contou com equipes dos departamentos de Polícia do Interior (Depin), de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco), Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), de Inteligência Policial (DIP), além da Corregedoria da Polícia Civil (Correpol) e da Coordenação de Polícia Interestadual (Polinter). Lucas Santos de Oliveira foi assassinado a tiros, na tarde de 21 de dezembro, na estrada de Pau Brasil, que dava acesso à Reserva Caramuru Paraguaçu, onde ele vivia. Na ocasião, ele voltava para casa com uma criança na garupa da moto, quando foi surpreendido por dois homens que estavam em outra motocicleta. Após dispararam conta o indígena, os dois suspeitos fugiram do local. A criança que estava com o cacique não foi atingida. Em nota publicada nas redes sociais, representantes da Aldeia Caramuru Catarina Paraguaçu logo disseram que Lucas foi alvo de uma emboscada. Eles acusavam pistoleiros. O cacique era liderança de uma aldeia que abriga indígenas de diferentes etnias. Ele era da etnia Kariri-Sapuyá, mas tinha atuação com pessoas do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe. Além de liderar uma aldeia na Reserva Caramuru Paraguaçu, em Pau Brasil, Lucas era agente comunitário de saúde no município. Ele também atuava como conselheiro dos Povos Indígenas da Bahia e da Saúde Indígena Estadual. "Lucas era nossa esperança como liderança, era uma pessoa totalmente correta, que sempre defendeu o que era certo", afirmou Agnaldo Pataxó, do movimento dos Povos e Organizações Indígenas da Bahia. "Lutador pelos direitos e conquista das terras indígenas. Era um guerreiro em toda luta por saúde, educação, agricultura familiar", disse Wilson de Jesus Souza, chefe da coordenação Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em Pau Brasil. Lucas Kariri-Sapuyá foi um dos 18 indígenas assassinados na Bahia em 2023, de acordo com o levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O relatório divulgado pelo Cimi, em julho, mostra que todos as mortes registradas no estado foram em cidades do sul e extremo sul baiano, com a mesma motivação: disputa de terras.
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