Atriz Beatriz Segall morreu nesta quarta-feira (5), aos 92 anos, informou a assessoria do hospital Albert Einstein, em São Paulo. Beatriz tinha recebido alta no dia 21 de agosto, porém retornou ao hospital com problemas respiratórios, informou o assessor de imprensa da atriz. O velório começa às 19h, no Albert Einstein, e vai até meio-dia de quinta-feira, quando o corpo de Beatriz será cremado. A atriz estava afastada da televisão havia alguns anos, mas pode ser vista na pele de sua mais famosa personagem na TV e uma das mais memoráveis vilãs da dramaturgia brasileira, Odete Roitman, na reprise da novela Vale Tudo (1987), que o canal pago Viva exibe diariamente. Manipuladora e arrogante, a personagem acumulou inimigos ao longo da trama e foi assassinada nos últimos capítulos do folhetim da Globo, provocando um dos maiores mistérios da história das novelas – todos queriam saber quem havia matado Odete Roitman. A malvada foi tão marcante na carreira de Beatriz que, mesmo anos mais tarde, ela continuava sendo chamada de Odete nas ruas, como contou ao site Memória Globo, que reúne material institucional da emissora carioca.
“Sempre me encabulo quando tenho que falar da Odete Roitman, fico com medo de parecer pretensiosa, e tenho certeza de que não sou, mas acho que ninguém na televisão brasileira recebeu um presente tão grande como esse”, disse, em depoimento em 2002. O problema de ter recebido um “presente” desse tamanho foi que, segundo a atriz, ela teve dificuldades para conseguir se descolar da imagem de mulher rica e chique que Odete fez ficar gravada na cabeça de milhões de brasileiros. “Eu queria fazer o papel de uma mulher bem povão, mas o público não aceitou“, afirmou. Por isso, voltou a viver mulheres elegantes em novelas como Sonho Meu (1993), a segunda versão de Anjo Mau (1997) e Lado a Lado (2012). Odete talvez tenha consolidado a associação de Beatriz a vilãs ricas, mas não foi o primeiro papel da atriz a ter essas características. Sua estreia na Globo aconteceu dez anos antes de Vale Tudo, como a herdeira de uma família abastada de diplomatas em Dancin’ Days (1978). Agradou e voltou à tela já no folhetim seguinte a ocupar a faixa das 8, Pai Herói, como a vilã Norah. Interpretou mais uma carrasca sofisticada em Água Viva, em 1980, antes de deixar o canal para fazer duas novelas na TV Bandeirantes: Os Adolescentes, como a costureira Iracema, e Ninho da Serpente, como uma das herdeiras de uma grande fortuna acumulada por um empresário paulista. Voltou à Globo para fazer Sol de Verão (1982) e Champagne (1983), em que finalmente interpretou uma mulher pobre. “Eu usava um lenço na cabeça, lavava roupa no tanque, essas coisas”, relembrou ao Memória Globo. Seus outros trabalhos nas novelas da Globo incluem, ainda, Barriga de Aluguel (1990), De Corpo e Alma (1992), O Clone (2001) e Esperança (2002). Fora da emissora, participou também de Carmen (1988), novela que Gloria Perez escreveu para a TV Manchete, e de Bicho do Mato (2006), de Bosco Brasil e Cristianne Fridman, na Record. Seu último papel na televisão foi o de Yolanda, protagonista de um dos episódios da série Os Experientes, de 2015. A produção, dirigida por Fernando Meirelles e Quico Meirelles, contava quatro histórias diferentes sobre a terceira idade. Em seu episódio, Beatriz, munida de peruca e bengala, interpretava uma idosa que era surpreendida por um assalto em uma agência bancária. Sua trajetória nos palcos brasileiros começou em 1950, quando encerrou seu curso de formação de atores no Serviço Nacional de Teatro com o monólogo Le Bel Indifférent, de Jean Cocteau. Profissionalmente, porém, sua estreia aconteceu dois anos depois, em Manequim, de Henrique Pongetti. Com a companhia Os Artistas Unidos, fez Um Cravo na Lapela, de Pedro Bloch, e Jezebel, de Jean Anouilh, em 1953. Deu uma pausa nos anos seguintes para se dedicar aos estudos – havia recebido uma bolsa do governo francês para estudar na Sorbonne – e à família – casou-se em 1954 com Maurício Segall, filho do pintor Lasar Segall, com quem teve três filhos. Sua volta ao teatro aconteceu em 1964, na peça Andorra, do Teatro Oficina, de Zé Celso. Nos anos seguintes, participou de montagens como O Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen, em 1969, A Longa Noite de Cristal, de Oduvaldo Vianna Filho, em 1970, e À Margem da Vida, de Tennessee Williams, em 1976. Em 1985, consolidou-se como um dos maiores nomes do teatro com o monólogo Emily, de William Luce, que se concentra na vida da poeta americana Emily Dickinson. O papel rendeu a Beatriz o troféu Mambembe de melhor atriz do teatro brasileiro, que ela voltou a conquistar três anos depois, com O Manifesto, de Brian Clark, e em 1995, com Três Mulheres Altas, de Edward Albee. Continuou ativa no teatro e, mais recentemente, em 2015, atuou no musical Nine, Um Musical Felliniano. No palco, acabou sofrendo uma queda e precisou fazer uma cirurgia para reparar um braço quebrado. Teve atuação mais tímida no cinema, participando de filmes como O Cortiço (1978), Diário da Província (1978), Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981) e Romance (1988).
“Sempre me encabulo quando tenho que falar da Odete Roitman, fico com medo de parecer pretensiosa, e tenho certeza de que não sou, mas acho que ninguém na televisão brasileira recebeu um presente tão grande como esse”, disse, em depoimento em 2002. O problema de ter recebido um “presente” desse tamanho foi que, segundo a atriz, ela teve dificuldades para conseguir se descolar da imagem de mulher rica e chique que Odete fez ficar gravada na cabeça de milhões de brasileiros. “Eu queria fazer o papel de uma mulher bem povão, mas o público não aceitou“, afirmou. Por isso, voltou a viver mulheres elegantes em novelas como Sonho Meu (1993), a segunda versão de Anjo Mau (1997) e Lado a Lado (2012). Odete talvez tenha consolidado a associação de Beatriz a vilãs ricas, mas não foi o primeiro papel da atriz a ter essas características. Sua estreia na Globo aconteceu dez anos antes de Vale Tudo, como a herdeira de uma família abastada de diplomatas em Dancin’ Days (1978). Agradou e voltou à tela já no folhetim seguinte a ocupar a faixa das 8, Pai Herói, como a vilã Norah. Interpretou mais uma carrasca sofisticada em Água Viva, em 1980, antes de deixar o canal para fazer duas novelas na TV Bandeirantes: Os Adolescentes, como a costureira Iracema, e Ninho da Serpente, como uma das herdeiras de uma grande fortuna acumulada por um empresário paulista. Voltou à Globo para fazer Sol de Verão (1982) e Champagne (1983), em que finalmente interpretou uma mulher pobre. “Eu usava um lenço na cabeça, lavava roupa no tanque, essas coisas”, relembrou ao Memória Globo. Seus outros trabalhos nas novelas da Globo incluem, ainda, Barriga de Aluguel (1990), De Corpo e Alma (1992), O Clone (2001) e Esperança (2002). Fora da emissora, participou também de Carmen (1988), novela que Gloria Perez escreveu para a TV Manchete, e de Bicho do Mato (2006), de Bosco Brasil e Cristianne Fridman, na Record. Seu último papel na televisão foi o de Yolanda, protagonista de um dos episódios da série Os Experientes, de 2015. A produção, dirigida por Fernando Meirelles e Quico Meirelles, contava quatro histórias diferentes sobre a terceira idade. Em seu episódio, Beatriz, munida de peruca e bengala, interpretava uma idosa que era surpreendida por um assalto em uma agência bancária. Sua trajetória nos palcos brasileiros começou em 1950, quando encerrou seu curso de formação de atores no Serviço Nacional de Teatro com o monólogo Le Bel Indifférent, de Jean Cocteau. Profissionalmente, porém, sua estreia aconteceu dois anos depois, em Manequim, de Henrique Pongetti. Com a companhia Os Artistas Unidos, fez Um Cravo na Lapela, de Pedro Bloch, e Jezebel, de Jean Anouilh, em 1953. Deu uma pausa nos anos seguintes para se dedicar aos estudos – havia recebido uma bolsa do governo francês para estudar na Sorbonne – e à família – casou-se em 1954 com Maurício Segall, filho do pintor Lasar Segall, com quem teve três filhos. Sua volta ao teatro aconteceu em 1964, na peça Andorra, do Teatro Oficina, de Zé Celso. Nos anos seguintes, participou de montagens como O Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen, em 1969, A Longa Noite de Cristal, de Oduvaldo Vianna Filho, em 1970, e À Margem da Vida, de Tennessee Williams, em 1976. Em 1985, consolidou-se como um dos maiores nomes do teatro com o monólogo Emily, de William Luce, que se concentra na vida da poeta americana Emily Dickinson. O papel rendeu a Beatriz o troféu Mambembe de melhor atriz do teatro brasileiro, que ela voltou a conquistar três anos depois, com O Manifesto, de Brian Clark, e em 1995, com Três Mulheres Altas, de Edward Albee. Continuou ativa no teatro e, mais recentemente, em 2015, atuou no musical Nine, Um Musical Felliniano. No palco, acabou sofrendo uma queda e precisou fazer uma cirurgia para reparar um braço quebrado. Teve atuação mais tímida no cinema, participando de filmes como O Cortiço (1978), Diário da Província (1978), Pixote, a Lei do Mais Fraco (1981) e Romance (1988).
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