Para Donald Trump, uma derrota nesta eleição não frustraria apenas sua carreira política. Há muito mais em jogo. Se tiver de deixar a Casa Branca em 20 de janeiro de 2021, o atual presidente perderá a imunidade contra processos criminais conferida pelo cargo, se deparando com uma situação financeira complexa e várias investigações sobre seus negócios e atos passados. "Acredito que há a possibilidade de Trump ser acusado de crimes", resume Bennett Gershman, professor de direito constitucional da University Pace e que atuou por uma década como promotor no Estado de Nova York. "As acusações que o presidente poderia enfrentar são relacionadas à lavagem de dinheiro e a fraudes bancárias, fiscais e eleitorais", entre outras, diz Gershman à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC. Como se isso não bastasse, Trump enfrenta uma situação financeira delicada, incluindo, segundo a imprensa americana, grandes dívidas pessoais e dificuldades com seu conglomerado empresarial. O jornal The New York Times publicou que, nos próximos quatro anos, Trump terá de pagar mais de US$ 300 milhões em empréstimos — isto em um momento que alguns de seus investimentos pessoais não estão na melhor forma. E se Trump for derrotado na eleição, seus credores podem ser menos flexíveis ao exigir o pagamento desses compromissos. O presidente, por sua vez, diz ter sido vítima de inúmeras conspirações produzidas por seus inimigos, que teriam criado acusações falsas de crimes cometidos antes e durante seu mandato. Ele nega categoricamente qualquer irregularidade e costuma destacar também o sucesso em ter escapado de investigações realizadas pelo Departamento de Justiça e do julgamento de impeachment no Congresso este ano. As investigações, entretanto, esbarraram na imunidade presidencial em processos criminais. O Departamento de Justiça afirmou repetidamente que um presidente não pode ser processado criminalmente enquanto estiver no cargo. No entanto, essas investigações podem ser a base para novas ações judiciais contra Trump, dizem especialistas à BBC News Mundo. "Já sabemos que ele pode enfrentar acusações de fraude eleitoral, uma vez que um procurador do sul de Manhattan já imputou [tacitamente a Trump] como cúmplice de Michael Cohen", disse Gershman. O especialista se refere à investigação federal contra o ex-advogado pessoal de Trump, Cohen, que em 2018 se declarou culpado de irregularidades eleitorais na campanha de 2016 envolvendo pagamentos feitos à atriz Stormy Daniels, que afirmou ter tido um caso extraconjugal com o presidente.
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