Heterossexuais são minoria nos cultos celebrados todos os domingos na Comunidade Cristã Metropolitana (ICM), na Liberdade, região central de São Paulo, mas ninguém é discriminado. A igreja, que contempla a diversidade sexual, já promoveu até um casamento coletivo de casais de gays e lésbicas.
O pastor Cristiano Valério diz que entre os fiéis há oito 'ex-ex-gays'. Segundo ele, 'ex-ex-gays' são pessoas que chegaram a dar testemunho no púlpito de igrejas tradicionais dizendo que tinham deixado de ser homossexuais, mas voltaram a se relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Valério critica comunidades tradicionais, onde, de acordo com ele, grupos de terapia se propõem a transformar o homossexual em heterossexual. Para ele, a idéia não funciona. 'A homossexualidade não é doença e não pode ser curada', afirma.
Fundada em São Paulo há dois anos e meio, a ICM começou com reuniões entre cinco pessoas debaixo de uma árvore no Parque do Ibirapuera, na Zona Sul da capital, e atualmente reúne 48 fiéis, conta o pastor. 'É uma igreja nova, mas está crescendo', disse.
Missa tradicional
Valério explica que os cultos lembram uma missa convencional. "Há um momento de louvor, leitura da Bíblia, pregação da palavra e o momento da ceia. Convidamos todos à eucaristia, formada de pão sem fermento e vinho. Nós fazemos as mesmas orações e partimos o cálice do mesmo jeito - a diferença é que nós abrimos a ceia para todos e todas."
Valério afirma que a ICM faz uma leitura contextualizada e aberta da Bíblia. Na ICM não há confissão, "porque todos são orientados a agir livres de dogmas", e nem pecado, "a não ser o da homofobia e o do desrespeito ao próximo", segundo o pastor.
Valério vê em trechos da Bíblia menções aos homossexuais. "Como o texto bíblico é machista, é difícil tirar outros personagens do armário", afirma ele.
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