sexta-feira, janeiro 08, 2010

Kassab (DEM-SP) enfrenta protesto de moradores em bairro alagado na Zona Leste de SP

Região sofre com enchente desde o dia 8 de dezembro.
Moradores de conjunto habitacional chamaram prefeito de 'safado'.


  Foto: Paulo Toledo Piza/G1

Kassab é cercado por moradores em protesto no Jardim Romano (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), foi vaiado, na manhã desta sexta-feira (8), por moradores de um conjunto habitacional atingindo pelas enchentes na região do Jardim Romano, no extremo Leste de São Paulo, local que está alagado há um mês. A chuva da quinta-feira (7) piorou a situação na área. Uma das vias mais atingidas é a Capachós, uma travessa da rua onde fica o conjunto habitacional.


Por volta das 10h, o prefeito chegou a entrar na área do conjunto habitacional Terra Paulista, mas foi abordado por cerca de cem moradores que protestaram contra a situação do local e exigiram medidas urgentes da administração municipal. “Queremos ver as coisas acontecerem”, gritava o grupo que também chamou o prefeito de covarde, safado e sem vergonha. Kassab conversou rapidamente com alguns representantes e acabou desistindo da visita ao local por causa da reação dos manifestantes.

Moradora de um dos apartamentos afetados pela chuva, a babá Raquel Cristina da Silva Santos, de 31 anos, pediu para Kassab visitar a área alagada. No momento em que o prefeito saia do Jardim Romano, ela, revoltada, gritou: “Prefeito, vem sujar o sapato. Venha ver o que passamos.” Ao ouvir os apelos, Kassab pediu para que a moradora se aproximasse para conversar.

“Ele falou que irá dar aos moradores que vivem nos térreos bolsa-aluguel de R$ 300. Não quero isso. Pago aqui R$ 430”, contou. No rápido bate-papo que teve com o prefeito, ela ouviu promessas e um apelo: “Pediu para nós termos calma e disse que vai resolver”. Sobre a visita-relâmpago ao terreno, Raquel opinou: “Foi uma palhaçada”.

Antes, numa coletiva de imprensa na região, o prefeito falou que das 1.700 famílias cadastradas no local, 300 haviam sido encaminhadas para um conjunto habitacional e outras 450 haviam aceitado receber auxílio aluguel e estão procurando uma casa para alugar. Das 450, até agora só 60 conseguiram um outro imóvel.

A secretária estadual de Saneamento e Energia, Dilma Pena, que acompanhava o prefeito na visita ao local, disse que o governo do estado vai isentar os moradores da região do pagamento da conta de água por três meses.


Medidas
Os problemas no local começaram com a chuva do dia 8 de dezembro do ano passado, que alagou a região. Diante da situação, a prefeitura anunciou que removeria pelo menos mil famílias que moram em áreas de várzea do Rio Tietê no Jardim Romano porque esses locais correm risco de alagamento por causa dos períodos de cheia do rio.

Em toda a região do Jardim Pantanal, que engloba nove bairros, a prefeitura disse que deve retirar entre 3.500 e 7 mil famílias. A maior parte das famílias que serão retiradas moram em áreas de várzeas no Jardim Romano, Jardim Helena, Chácara Três Meninas e Jardim São Martinho. De acordo com o subprefeito de São Miguel, Milton Persoli, a área de várzea é variável, mas, em alguns pontos, fica a até 500 metros do leito do rio.

Após a retirada dessas pessoas, as casas serão destruídas e será feito na área o Parque Várzeas do Tietê, que visa proteger as várzeas do rio. Além de uma área verde, o parque contará também com equipamentos de lazer e cultura, segundo anunciou o governo do estado, responsável pela construção do parque.

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