quinta-feira, outubro 21, 2010

Cinco pessoas são condenadas por explosão de fábrica


A Justiça condenou, no final da noite de quarta-feira, 20, cinco dos envolvidos na explosão de uma fábrica clandestina de fogos de artifício que matou 64 pessoas em Santo Antônio de Jesus, em 1998. O julgamento que aconteceu durante todo o dia na 2ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Ruy Barbosa, em Salvador, teve o seu resultado após as 23 horas. O dono da fábrica, Osvaldo Prazeres Bastos, recebeu pena menor, de 9 anos, por ter mais de 70 anos. Os outros quatro condenados são os filhos dele Mário Fróes Prazeres Bastos, Ana Cláudia Almeida Reis Bastos, Helenice Fróes Bastos Lyrio e Adriana Fróes Bastos de Cerqueira, que pegaram pena de dez anos e 6 meses. Foram absolvidos outros três réus: Berenice Prazeres Bastos da Silva, também da família, e os ex-funcionários Elísio de Santana Brito e Raimundo da Conceição Alves.
“Estou satisfeita porque antes de morrer vi ele (sic), que dizia que a justiça não acontece para quem tem dinheiro, sentar-se no banco dos réus. Outras mães morreram antes, mas depois de 11 anos e 10 meses estou aqui”, disse a vice-presidente do Movimento 11 de Dezembro, Maria Balbina dos Santos. Vestidos com camisas pretas com os dizeres “Justiça já”, parentes das vítimas acompanharam o julgamento. “Ele”, a quem Balbina se refere, é Osvaldo Prazeres Bastos, conhecido como “Vardo dos Fogos”, dono da fábrica.
Julgamento - No início do julgamento, “Vardo dos Fogos” teve uma crise de choro, queda de pressão arterial e foi amparado por uma enfermeira. “Ele teve um princípio de infarto há cerca de 60 dias”, disse o filho Gilson Bastos. Ele informou que Osvaldo, que tem 72 anos e é diabético, foi internado no Hospital Santa Izabel.
Para defender o pai, Mário Fróes, que é réu primário, disse ser o responsável pela fábrica. Ao depor, negou que trabalhavam crianças no local e disse que cerca de 17 dias antes da explosão militares fiscalizaram a fábrica e elogiaram a estrutura e organização do local. “Quando ia fiscalização, eles mandavam a gente correr”, disse uma das sobreviventes, Maria Joelma Santos, que trabalhou dos 12 aos 18 anos na fábrica dos Bastos.
Ela guarda no corpo e na alma lembranças da explosão. “Fico assustada quando tem fogos de artifício”, disse ela, que teve queimaduras de terceiro grau no braço, costas, perna, cabeça e rosto.

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