domingo, outubro 31, 2010

A volta por cima de Val Baiano


Foram dez jogos de martírio. No período, Val Baiano experimentou o inferno na Terra. Para exorcizar as críticas, o camisa 9 se agarrou à religião e à família. Na palavra de Deus, encontrou o conforto, reforçado pelo apoio dos companheiros. Mas, a certeza de que superaria tudo, ele buscou na sua origem.
Natural de Manoel Vitorino, interior da Bahia, Val Baiano perdeu o pai quando tinha um ano de idade. Sua mãe tinha apenas 16 anos. Foi a avó dele, dona Dinha,que tomou a frente da casa e lhe deu apoio nos momentos mais difíceis. Ainda menino, o artilheiro viu a mãe sofrer com preconceitos. Determinado, ele mudou a situação com seus gols e, hoje, tem a história como fonte de determinação para encarar os obstáculos da vida.
“Um dia eu cheguei em casa e a minha avó me contou que, quando meu pai era vivo, minha mãe era tratada como rainha. Meu pai tinha uma certa condição. Minha avó me contou, então, que o pessoal não dava valor, não tratava mais ela bem. Eu ainda estava no Poções e falei para ela. ‘Dinha, isso vai mudar. Vou fazer esse povo correr atrás da minha mãe. Esse povo vai respeitar minha mãe porque ela não é cachorro, não. Agora ela é a mãe de Val Baiano”, orgulha-se o atacante, que teve na avó o alicerce para construir sua carreira.
“Foi a minha avó que sempre fez tudo por mim. Eu a perdi em 2008, era a pessoa que eu mais amava abaixo de Deus. Ela era tudo para mim. Em momento algum eu baixei a cabeça porque, no momento mais difícil, quando eu estava no Poções, sem receber, ela era quem pagava minha passagem para eu viajar. Teve uma vez que ela estava doente e eu disse que não ia viajar. Então, ela falou: ‘Vai sim! É isso que você quer ’. E eu fui”, lembra o camisa 9.


Inspiração na Bíblia para buscar forças
A devoção de Val Baiano faz com que a Bíblia seja seu livro de cabeceira. Enquanto posa para a foto, inconscientemente começa a ler a palavra que lhe serve de combustível. Era nela que, diariamente, o camisa 9 encontrava forças para sair de casa e treinar. Mesmo nos piores momentos.
“A bola não entrava nem nos treinos, e eu pensava : ‘Rapaz, que fase é essa? Isso vai ter que passar’. Era o último a sair do treino. Fui para Volta Redonda para o jogo contra o Vitória e ouvi torcedor me xingando. Depois do jogo contra o Atlético-GO, a coisa mudou. No jogo contra o Avaí, em Santa Catarina, subi no gramado depois do time e a galera começou a gritar meu nome. A torcida está a meu favor”.
O jejum de gols e os quilos a mais fizeram Val Baiano ser comparado a Obina. Mesmo católico, Val buscou ajuda em pastores evangélicos, que iam até a sua casa para fazer correntes de oração. E o destino o colocou no mesmo lugar do ex-atacante rubro-negro. “Fui à missa no dia da eleição, e o padre me contou que o Obina também chorou lá, falando que não aguentava mais. O apoio dos meus companheiros foi fundamental”, finalizou. (O Dia)

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