segunda-feira, dezembro 06, 2010
'Afinal, o que querem os homens?'
No quarto episódio de “Afinal, o que querem as mulheres?”, Luiz Fernando Carvalho escancara: o delírio de Newman (Michel Melamed) o transporta para o consultório do Dr. Freud, com estatuetas egípcias e tudo, e a maca da UTI transformada em divã. Freud, de sua cadeira, ensina: “Todo desejo é o desejo de voltar e encontrar no amor as pessoas de quem gostávamos quando crianças”. Newman acrescenta que o desejo é voltar ao passado para transformá-lo. E Freud o guia nessa volta, sempre fracassada: primeiro, Newman ressurge criança, procurando o pai; depois, aparece solícito para Lívia (Paola Oliveira), mas continua rejeitado por ela.
Decepções que fazem Freud dizer que o desejo de conhecer as mulheres era uma atitude machista, para controla-las. E dita a Newman sua nova pesquisa: “Afinal, o que querem os homens?”. Newman, ressuscitado, sai em busca das respostas, sem sucesso. Chega à conclusão de que o homem é a nova mulher. E se a mulher é um “continente oculto”, o que será desse novo homem? Na cena seguinte, nova ironia: a mãe-pitonisa (uma Vera Fisher genial) prevê um fracasso que já tinha ocorrido: o do lançamento do livro de Newman. O que é a psicanálise, afinal? Não é garimpar as memórias para tentar entender o presente?
Carvalho, porém, logo dá um chega pra lá em quem o vê preso a uma psicanálise de manual. A mãe-pitonisa-mãe-de-santo explica que as cartas de tarô não são literais. E, quando puxa o hierofante/sacerdote, num tom de crítica, diz que ele representa tudo o que é ortodoxo, “como os freudianos”. Luiz Fernando Carvalho, na verdade, dialoga o tempo todo com várias escolas: Freud, Jean Baudrillard e, neste quarto episódio, com Saussure, brincando com a linguística moderna, com signos, significados e significantes. Como no tarô, tudo, afinal, tem múltiplos significados. Eis aí, parece, a questão verdadeira deste programa.
“Afinal” não pretende dar explicações. A série é maravilhosa. Para se gostar dela, não precisa de nenhum compêndio. Basta levar a sério o que diz um personagem que admite nada saber sobre as mulheres, mas que decreta: “É preciso entender como funciona um telefone para falar nele?”.
Pouco depois, Newman, no programa de rádio, vai mais longe, aconselhando um consulente que sofre de erotografomania (é viciado em escrever cartas de amor): “Não escreva mais cartas, aprenda a amar as mulheres em silêncio”. Olha aí a palavra “carta” de volta, mas com outro significado.
O episódio é cabeça, mas também leve e bem-humorado, e as duas voltagens dialogam numa harmonia que se revela a maior virtude deste programa. A expressão concreta da simultaneidade de intensidades é a cena em que Lívia, tomada de amor ao olhar para Newman, aparece com os olhos brilhando como num desenho animado do Pato Donald. Mas mais importante aqui é que as elaborações excessivas não conseguem paralisar a trama. Carvalho faz a sua brincadeira e joga o jogo artístico com a dose de inconsciência que move a criação verdadeira.
José de Abreu filma 'Meu pé de laranja lima' antes de começar novela
José de Abreu, que está no elenco de “Insensato coração” - nova novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares - esteve em Cataguazes filmando “Meu pé de laranja lima”. Ele interpreta o personagem Manuel Valadares, o solitário Portuga no longa de Marcos Bernstein, um dos autores da minissérie "A cura", com João Emanuel Carneiro.
Na história (do livro de José Mauro de Vasconcelos), Portuga é o melhor amigo do protagonista Zezé, um menino que conversa com um pé de laranja lima.
Carnaval na Sapucaí e na televisão
Estrela do carnaval carioca, Paulo Barros aceitou o aceno de Regina Casé para participar em regime fixo de "Esquenta", programa que ela comandará na Globo durante o verão. As gravações começaram na última quinta feira no Projac.
Paulo Barros e uma turma da Unidos da Tijuca fizeram coreografias num arquibancada cenográfica. Lázaro Ramos e a tenente da Policia Militar, Julia Liers, rainha da bateria da Independente de São João de Merití, também participaram.
Números
A Globo enfrenta problemas de audiência com sua programação vespertina. "Vale a pena ver de novo" patina nos 12 pontos. E "Malhação" chegou a média de 14 na última quinta feira.
Matador
O canal americano Showtime vai anunciar nos próximos dias que produzirá a sexta temporada de "Dexter". Serão 12 episódios. Aqui no Brasil a série faz sucesso no cabo no FX e estreia hoje, dublada, na RedeTV!.
O risco de falar mal
A "maneira negativa" como a cultura americana era tratada pela TV canadense foi tem de comentários preocupados de diplomatas dos EUA, agora revelados pelo WikiLeaks. São emails de 2008.
Nota 10
Para Fernanda Souza em "Ti-ti-ti". A atriz começou a novela ainda com resquícios da Isadora de "Toma lá dá dá cá", mas agora encontrou o tom de sua personagem, que, aliás, não é fácil, cheia de altos e baixos, cômica e trágica.
Nota 0
Para os inúmeros e longuíssimos intervalos comerciais durante "A fazenda". Os blocos de programa são quase mais breves que o tempo de produção no ar. O reality é um sucesso comercial, tudo bem, mas a coisa está mal dosada. (Patrícia Kogut)
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