Segunda maior terra indígena do país, a Vale do Javari, no Amazonas, teve nos últimos 11 anos uma morte de índio a cada 12 dias, segundo levantamento da ONG Centro de Trabalho Indigenista.
O total de mortes no período soma 325, o equivalente a 8% da população da terra indígena, afirma a entidade.
Com área equivalente ao dobro do Estado do Rio de Janeiro, a Vale do Javari, na fronteira com o Peru, reúne uma das maiores concentrações de índios isolados do mundo. A população é estimada em 4.000.
Um dos povos que habitam a terra, o canamari, perdeu 16% de seus habitantes, diz a ONG. A maior parte dos mortos (64%) tem até 10 anos -são sobretudo bebês.
As principais causas são hepatite, pneumonia e doenças trazidas pelo contato com populações de fora da terra indígena. Também há relatos de alto índice de suicídios.
A ONG atribui a situação à má gestão de recursos por parte da Funasa (Fundação Nacional de Saúde).
A responsabilidade sobre a saúde dos índios passou neste ano da Funasa para secretaria do governo federal ligada ao Ministério da Saúde.
Uma das dificuldades é a falta de pistas de pouso para aviões na região, uma das mais inacessíveis do país e rota do tráfico de drogas.
Para a coordenadora do Centro de Trabalho Indigenista, Maria Elisa Ladeira, a Vale do Javari precisa, por suas características, de uma estratégia diferente das demais terras indígenas.
O pico de mortes ocorreu em 2007, com 46 casos. A ONG diz que termos de ajustamento de conduta foram firmados na época pelo Ministério Público com os órgãos envolvidos, mas que não houve progresso.
Comparando com média de mortalidade da população brasileira apontada pelo IBGE, o índice de mortalidade indígena da terra Vale do Javari é 18% maior.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/po1601201117.htm
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