terça-feira, junho 28, 2011
CRÍTICA: ‘Mad men’ e o retrato do preconceito nos EUA nos anos 60
Eis o gancho para voltar a escrever sobre “Mad men”: o elenco acaba de renovar seu contrato até a sexta temporada. O anúncio, feito nos EUA pela AMC, foi comemorado e com razão: há assunto de sobra ainda para o programa que até agora só tem quatro temporadas. Lá pela terceira, a série vai mais fundo no retrato das fragmentações da sociedade americana nos anos 60. Num só episódio, fica claro como ela era dividida, cheia de preconceitos sob mil aspectos. Alguns deles acabaram naturalmente dissolvidos, outros esfriaram compulsoriamente por força da lei. Mas todos são constrangedores aos olhos de hoje.
A primeira ferida abordada é o racismo contra os negros. Um executivo da Admiral, fabricante de aparelhos de TV, procura a agência Sterling & Cooper. As vendas vão bem, mas estão estagnadas. Uma análise do mercado revela que os melhores números estão em regiões onde os negros são grande parte da população, o que levanta uma dúvida: seria a Admiral uma marca mais apreciada por negros? A agência propõe uma campanha que contemple tanto brancos quanto negros. O empresário pergunta se aquilo era “legal”, uma referência à proibição de casamentos inter-raciais. O publicitário diz que sim, e que a propaganda poderia fazer as vendas aumentarem substancialmente. Mas o empresário se levanta da mesa e vira as costas ofendido. De tão poderoso, o racismo falava mais alto que o dinheiro, e sabemos que isso não é pouco num ambiente tão ferrenhamente capitalista.
No mesmo episódio, Peggy Olson resolve se mudar para Manhattan e busca uma moça com quem dividir apartamento. Ela encontra a parceira ideal. Mas, descendente de noruegueses, não sabe como informar à mãe que vai dividir a casa com uma filha de suecos. As divisões da velha Escandinávia, onde dinamarqueses e suecos dominaram por séculos a Noruega, afinal, ainda estavam vivas na Nova York dos anos 60. Para ir em frente com seu plano, Peggy mente para a mãe, dizendo que a futura colega de quarto também era descendente de noruegueses.
Em outro momento, a decidida Peggy quer aumento de salário. Seu argumento: ganha menos que seus pares homens, e cita um, cuja produção considera inferior à dela. Betty Friedan ainda não tinha lançado “A mística feminina” (livro de 1963), e a Queima dos Sutiãs só aconteceria em 1968. Peggy foi firme com Don Draper: “Já existem leis que proíbem que as mulheres ganhem menos que os homens”. Draper ficou pasmo.
Algo muito significativo encerra o episódio tão cheio de questões cruciais: o parto de Betty Draper. Tratada com rispidez por uma enfermeira no hospital, sem a presença do pai na sala de parto, ela dá à luz seu bebê e, diante da pergunta da atendente sobre se pretende amamentar, responde muito naturalmente: “Não”. Era a estética se sobrepondo ao bem-estar do bebê, algo que hoje, se ainda existe, é uma atitude a se esconder. Chegando em casa, a melhor amiga pergunta: “Como foi?”. E ela: “Foi ‘aquilo’. Tudo meio nebuloso”.
“Mad men” é um retrato de grande qualidade da História da vida privada americana nos anos 60. Muito do que se vê mudou. Certas coisas, tomara, mudem um dia. Outras continuam nebulosas.
Clima tenso entre Silvio Santos e Raul Gil
Silvio Santos e Raul Gil tiveram, na última sexta-feira, uma desagradável discussão. Tudo porque Silvio ficou irritado com os boatos de que Raul estaria indo para a Record por uma proposta milionária. Silvio avisou ao apresentador, com todas as letras, que, se quiser sair, a porta está aberta.
SUSANA VIEIRA e Humberto Martins gravam uma cena de “Lara com Z” em que a personagem dela participa do leilão do Teatro João do Rio
É menina
A atriz Babi Xavier está grávida. Ela e o marido, o analista de sistemas Felipe Correa, já escolheram o nome do bebê, que nascerá em janeiro: Cinthia Xavier Correa.
Na repartição
James Gandolfini (o Tony Soprano) foi convidado para fazer “The office”. Ele chegou a ter um encontro com os produtores da NBC, declarou-se fã da série, mas recusou. O candidato mais forte a um papel agora é James Spader, ex-estrela de “Boston legal”.
Nota 10
Para Thalita Carauta e Rodrigo Santana, que fazem uma dupla excelente em “Zorra total”. Ela é a obtusa amiga dele, que interpreta um travesti malicioso. O texto é espirituoso, e as interpretações, inspiradas.
Nota 0
Para o “Programa do Gugu”, que fez merchandising de uma marca de cerveja disfarçado de reportagem. Começou na Alemanha e terminou em Petrópolis, “onde fica a melhor produtora da bebida do mundo” (sic). Francamente. (Patricia Kogut)
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