quarta-feira, agosto 03, 2011

Baiano preso na Inglaterra vira prioridade para o Itamaraty


Atualmente há em torno de 3 mil brasileiros presos no Exterior, de acordo com levantamento do Ministério das Relações Exteriores do país. Nessa estatística entra o caso do baiano Alexandre de Souza Silva, preso desde março de 2010 na Inglaterra.
Após a interferência direta da senadora Lídice da Mata e dos deputados federais Jean Wyllys e Geraldo Simões, o Itamaraty está dando uma atenção prioritária ao caso de Alexandre Souza Silva, de 45 anos, cuja família reside em Porto Seguro.
Acusado inicialmente por tráfico de drogas, Alexandre acabou sendo condenado a 15 anos por conspiração e depois teve a pena reduzida para 11 anos. O baiano mora há 22 anos na Inglaterra e tem cidadania inglesa. Até ser preso, ele trabalhava havia 12 anos como comissário de bordo da British Airways. Antes, trabalhou como faxineiro, garçom e cuidador de animais.
Para a professora Sonali Souza Silva, irmã de Alexandre, a prisão foi motivada por preconceito. Ela também aponta diversos erros na condução do caso, tanto por parte da polícia quando do juiz Peter Clarke, responsável pelo julgamento.
“As provas coletadas na casa de Alexandre, e que comprovam a inocência dele, desapareceram”, diz Sonali. Ela destaca a coragem da senadora Lídice da Mata em entrar no caso para ajudar a defender um brasileiro pobre preso no exterior.
A senadora pediu, em regime de urgência, informações ao Ministério das Relações Exteriores relativas Alexandre, o que foi prontamente atendida. No documento, o Itamaraty reforça a inocência do baiano. A família acredita que Alexandre está sendo vítima de preconceito por ser brasileiro e negro.
A visibilidade que o caso vem obtendo junto ao Congresso e ao governo federal só foi possível graças ao empenho da família de Alexandre, especialmente da irmã e da mãe, dona Ivone.
Desde que ele foi preso, Sonali vem coletando assinaturas em um abaixo-assinado que já conta com mais de 20 mil adesões. Ela garante que sua principal luta é para que o irmão tenha um julgamento justo, de preferência na Corte Europeia dos Direitos Humanos. “Mas para isso é preciso que antes se esgotem todos os recursos legais na Inglaterra”, explica.
No início de julho, dona Ivone, de 74 anos, retornou da Inglaterra, onde passou três meses para dar apoio emocional ao filho. Nesse período, ela conseguiu acompanhar uma das audiências do caso, em que foi definido o valor a ser pago pelo brasileiro à Justiça britânica a título de confisco. A quantia estipulada foi de 7 mil libras, o equivalente a aproximadamente R$ 18 mil.

Entenda o caso
O drama de Alexandre começou em julho de 2009, quando ele foi preso acusado de tráfico de drogas. Duas semanas antes de ser preso, a fim de economizar dinheiro para enviar à família no Brasil, Alexandre colocou para alugar a casa que ele havia comprado em Londres e passou a morar com um amigo, também brasileiro. Sem que ele soubesse, o amigo vinha sendo investigado pela polícia britânica por suspeita de envolvimento com drogas. Em julho, ao fazer uma revista na casa dos dois brasileiros, os policiais encontraram 20 gramas de droga. Alexandre, que acabava de chegar de uma viagem a serviço da British Airways, foi preso junto com o colega de casa.
O baiano passou por exames laboratoriais e teve seus sigilos bancário e telefônico quebrados, mas a polícia não encontrou nada que pudesse incriminá-lo. Apesar disso, permaneceu preso do dia 6 de julho até 20 de novembro de 2009, quando passou a aguardar o julgamento em liberdade.
Por falta de provas, no dia 24 de fevereiro de 2010 a justiça britânica retirou a acusação de tráfico de drogas, mas o acusou de conspiração. No mês seguinte, em março, saiu a sentença do juiz Peter Clarke condenando o baiano a 15 anos de prisão.
Após a sentença, o amigo de Alexandre assumiu toda a culpa sobre o flagrante com drogas, em uma carta escrita à Corte britânica, reforçando a inocência do baiano.
No dia 20 de janeiro de 2011, em uma nova audiência na Corte, o brasileiro teve a pena reduzida para 11 anos, o que, ainda assim, é considerada alta demais para esse tipo de crime na Inglaterra. (Época)

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