O ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), antecipou sua volta do México ao Brasil após ser convocado pelo Palácio do Planalto a dar explicações sobre as acusações de corrupção na pasta, que chefia desde 2006.
Ele foi chamado às pressas para reunião que ocorreu ontem à noite com a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), na casa de Gleisi, em Brasília.
No encontro, Silva disse que "vai às últimas consequências" para provar que não compactou com nenhuma irregularidade. O ministro ouviu dos colegas que é importante para o governo que ele "se prepare e se antecipe" prestando todos os esclarecimentos. Silva é acusado de participação num esquema de desvio de recursos do programa Segundo Tempo, que dá verba a ONGs para incentivar jovens a praticar esportes.
A acusação foi feita à revista "Veja" pelo policial João Dias Ferreira. Segundo ele, o ministro teria recebido dinheiro vivo na garagem da pasta, o que Silva nega.
À Folha, o ministro disse que está sendo alvejado porque a pasta "cresceu demais" em recursos por causa da Copa-2014 e da Olimpíada-2016.
Ele repetiu o mesmo argumento para Gilberto Carvalho e Gleisi Hoffmann. O titular do Esporte foi para o encontro munido de documentos. Não chegou a mostrá-los porque os ministros destacados por Dilma não acharam necessário.
Eles apenas pediram ao colega que se prepare, porque a Polícia Federal "não vai maneirar". Silva disse que pretende acionar também o Ministério Público Federal.
O ministro estava em Guadalajara acompanhando os Jogos Pan-Americanos e embarcou de volta para São Paulo na noite de sábado, primeiro dia de competições.
Horas antes, ele havia dito a jornalistas que a presidente Dilma Rousseff o orientara a seguir com sua agenda. Silva disse ontem que mudou os planos após ser convocado a retornar ao Brasil.
Ao desembarcar em São Paulo, ele se reuniu com assessores para combinar sua defesa. Na mesma noite, Dilma embarcou para a África. Na avaliação do governo, uma eventual demissão é considerada "péssima" em um momento em que o Executivo tenta resolver impasses e acelerar obras da Copa.
Também ocorre quando o Planalto está tendo dificuldades com a CBF e com a Fifa, tentando destravar pontos conflitantes na Lei Geral da Copa, como a meia-entrada para os eventos do mundial.
Por ora, o Planalto seguirá o receituário de crises anteriores: caberá ao próprio ministro da sair da situação delicada. Do contrário, ele pode ter o mesmo destino dos quatro colegas que deixaram a Esplanada após acusações.
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