sexta-feira, dezembro 16, 2011

De novo, o caos

"Um desastre que assolou Belo Horizonte e que pode piorar nas próximas 72 horas." Foi dessa maneira dramática que o coordenador da Defesa Civil Municipal (Comdec) da capital, Alexandre Lucas Alves, resumiu o caos enfrentado pela população belo-horizontina ontem, depois de quase 24 horas de chuvas intensas que causaram inundações, alagamentos, congestionamentos gigantescos e muita revolta e indignação por parte de quem foi prejudicado pelo temporal.

A situação é tão grave que o coordenador da Comdec pediu ao prefeito Marcio Lacerda (PSB) declaração de situação de emergência, o que permitirá à administração municipal a obtenção mais rápida de recursos e a contratação de mão de obra sem licitação. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, o pedido será atendido, mas a publicação pode não ocorrer hoje.

No balanço de um dia inteiro de caos, pois os problemas começaram pela manhã e se estenderam até a noite, a Defesa Civil enumerou inundações em vários pontos da cidade, 20 quedas de muros, 39 deslizamentos de encostas, cinco alagamentos e danos em oito imóveis. Nove famílias foram removidas de áreas que ameaçavam desabar em vilas e favelas da capital, de acordo com a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel). Os problemas mais graves se concentraram na Avenida Cristiano Machado, no cruzamento com a Avenida Sebastião de Brito, no Bairro Dona Clara, Região da Pampulha. O Córrego Pampulha transbordou e alagou a avenida, que ficou interditada por mais de sete horas, repetindo o drama vivido em 23 de novembro do ano passado, quando uma inundação no mesmo ponto também causou danos e indignação dos moradores da região.

Volume de água As autoridades municipais atribuíram ao grande volume de chuva o drama vivido ontem pela população. De acordo com os dados da Defesa Civil, choveu 153mm em 24 horas (entre as 15h de quarta-feira e o mesmo horário de ontem), o equivalente a pouco menos da metade prevista para todo o mês, 319mm. Dezenas de casas e imóveis comerciais ao longo da Cristiano Machado foram invadidos pelas águas.

Foi a grande quantidade de chuva, aliada à previsão de mais temporais até domingo, com a expectativa de pelo menos mais 130mm de precipitação pluviométrica, que levou a Comdec a pedir a decretação da situação de emergência, pois há riscos de mais inundações e deslizamentos, uma vez que o solo já está saturado e não absorve mais água. "É uma junção de fatores que terminou nessa situação gravíssima. Choveu muito e temos um alto grau de impermeabilização do solo, ocupações irregulares de áreas de risco e lançamento indevido de lixo nos córregos", apontou o coordenador da Defesa Civil.

Caos Os problemas causados pela chuva foram sentidos em várias regiões da cidade. Por volta das 13h40, horário de trânsito considerado calmo pela BHTrans, houve 9,7 quilômetros de trânsito congestionado em vias como as avenidas Afonso Pena, do Contorno, Amazonas, Augusto de Lima, Bias Fortes e Raja Gabaglia. À noite, depois das 18h30, o congestionamento na área central superou os 12,5 quilômetros. Outras vias importantes da cidade, como a Rua Professor Moraes e a Avenida Afonso Pena, também registraram retenções de trânsito.

A volta para casa também foi complicada para moradores das regiões Norte, Nordeste, Venda Nova e Pampulha, principalmente para quem dependia da Cristiano Machado. Pouco depois de as águas diminuírem, por volta das 18h, a avenida foi totalmente fechada nos dois sentidos por manifestantes das vilas 1º de Maio e Suzana, que atearam fogo em colchões, pneus e galhos. A paralisação durou cerca de duas horas. E a opção de seguir pela Avenida Antônio Carlos esbarrou no trânsito lento. O sistema de transporte coletivo ficou saturado e a Estação Central do Metrô teve de ser fechada à noite por 20 minutos, por não comportar mais o volume de passageiros.

Mais cedo, na BR-356, saída para o Rio de Janeiro, um deslizamento interditou o túnel de retorno para o Centro, em frente ao Ponteio Lar Shopping. O local foi fechado e o trânsito ficou complicado na Avenida Nossa Senhora de Fátima. No Bairro Gutierrez, Região Oeste, uma adutora da Copasa se rompeu e, junto com a água da chuva, abriu um buraco na Rua Américo Macedo e abalou a estrutura do muro de um prédio.

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