O aposentado Edson Lima da Conceição, 51, tirou na segunda-feira, 05, da concessionária seu Chevrolet zero quilômetro. É mais um automóvel a estreitar a relação entre carros e pessoas na capital baiana. Até outubro – dado mais recente disponível –, a frota de automotivos era de 765.585 veículos, contra 2.675.657 habitantes na cidade, conforme, respectivamente, o Departamento Estadual de Trânsito da Bahia (Detran) e o Censo 2010 do IBGE.
Em Salvador, há um automóvel para cada 3,5 habitantes. Há 11 anos, essa relação era de aproximadamente seis soteropolitanos para um veículo. Os congestionamentos mais intensos e frequentes são os reflexos de uma frota que cresce mais rápido que a população.
A Avenida Luís Viana (a Paralela), por exemplo, no sentido aeroporto, recebe hoje um fluxo de 4,6 mil veículos por hora, 1,1 mil por faixa. Há três anos, eram 3,5 mil, ou 875 por faixa. A avenida se aproxima da saturação pois o padrão tolerável no mundo para via urbana é de 1,5 mil automóveis por faixa.
Mas a pior mobilidade não tem abalado o sonho do carro particular, sobretudo quando novo. “Há 30 dias que eu vinha andando de ônibus. Não é algo mole. É penoso. Ainda vale muito a pena comprar um automóvel. O transporte público não tem qualidade. A gente é forçado a andar de carro”, afirmou Edson.
O casal Marcelo Paulo Silva Souza, 31, e Claudiane Cunha da Conceição, 29, adquiriu o primeiro automóvel em janeiro de 2010. O sonho realizado, consideram eles, trouxe mais segurança, conforto e autonomia nos deslocamentos, apesar de não os ter livrado de alguns contratempos e inconvenientes.
“Deixei de andar de ônibus, mas não adianta muito, porque tenho que acordar mais cedo, ou então mais tarde, para não pegar engarrafamento. Na verdade, o ônibus às vezes é mais vantagem, porque tem via expressa em alguns pontos”, contou o músico Marcelo.
Cedo no trabalho - A servidora pública Claudiane precisa chegar 40 minutos mais cedo no trabalho, no Centro Administrativo da Bahia (CAB), para evitar congestionamentos na Avenida Paralela. Ela costuma sair de casa às 7h e em 20 minutos chega em seu destino final. Caso atrase a saída em 15 minutos, o tempo dobra.
O trânsito caótico não chega a invalidar a suada aquisição. “O nosso sonho era ter um carro. Agora a gente não toma mais chuva, não fica esperando no ponto”, disse.
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