CRÍTICA: ‘Amazônia’, bom e sem graça - Por Patrícia Kogut

Do alto da copa de uma árvore gigantesca onde teria que passar a noite, uma participante do reality “Amazônia”, da Record, deu seu recado: “Não sei se é medo ou emoção. Sei que não achei muita graça em subir até aqui, não”. A fala da moça resume um pouco a sensação do espectador ao fim do primeiro episódio. “Amazônia” faz um passeio politicamente correto, revela paisagens deslumbrantes. É um programa bem-feito, forrado com um colchão educativo e conduzido com competência por Victor Fasano. Mas sem graça.
O time dos 12 participantes é eclético — um surfista, uma cantora, um astrólogo etc — e até agora comportado. No primeiro dia, eles foram divididos em duas equipes: Yai e Yaka. Fasano comandou uma excursão, Marcelo Skaf, a outra. Ambos se saíram bem.
O périplo é entremeado de poesia explicativa. Exemplo: “A Amazônia é um lugar misterioso e cheio de lendas. Já se acreditou que a fonte da eterna juventude estaria aqui. Hoje, essa região significa muito mais que simples juventude”. O tom didático, com frequência, vai mais longe, como na explicação sobre as formigas tapibas, ou sobre “a majestade do arabá”.
“Amazônia” é bom, mas falta adrenalina, aditivo fundamental para o bom andamento de um reality. Para quem gosta de informação enciclopédica sobre a natureza, recomendo vivamente “Cosmos”, série comandada por Carl Sagan na TV nos anos 80 (existe em DVD). Ou, para uma leitura rápida e a aquisição de cultura de almanaque, o “Manual do escoteiro mirim”, aquele de Huguinho, Zezinho e Luizinho. O programa da Record vai ao ar tarde. Corre o risco de fazer muita gente dormir.

Ricardo Linhares está à frente das mudanças em ‘Malhação’
As mudanças em “Malhação” — que vêm resultando na curva de audiência ascendente nas últimas semanas — têm a mão de Ricardo Linhares. Com a colaboração de Ana Maria Moretzsohn, ele vem supervisionando o texto do programa. Paralelamente, Linhares trabalha em “As Marias do lar”.

Longo alcance
O telefone sem fio de Tereza Cristina em “Fina estampa” foi o objeto de cena mais comentado por quem ligou para a Globo em todo o ano de 2011. Superou até o robô de “Morde & assopra”, que vem em segundo na lista.

Farta
Musa gordinha de “Aquele beijo”, Renata Celidônio, a Marieta da novela, foi convidada para entregar a faixa da vencedora no primeiro concurso de Miss Plus Size, em São Paulo, semana que vem.

Sinais de fumaça
Aviso aos navegantes: a quinta temporada de “Mad men” estreia dia 25 de março no AMC, nos Estados Unidos. Foi o próprio Jon Hamm, o meu, o seu, o nosso Don Draper, quem anunciou.

NOTA 10
Para o Canal Futura. Eles têm uma programação de qualidade e, de vez em quando, ainda surpreendem com uma preciosidade. Foi o caso de “Pele de asno”, filme com Catherine Deneuve que raramente passa na TV.

NOTA 0
Para a segunda edição de “Mulheres ricas”. O programa da Band, que teve uma estreia tão divertida, caiu graças a um trabalho de edição fraco, que não embarcou no deboche e levou a sério, por exemplo, uma chatíssima aula de tiro.