terça-feira, janeiro 10, 2012

Emergência - 116 cidades mineiras pedem socorro

Um tsunami de lama causou mortes e entre moradores de Minas e do Rio de Janeiro. Pelos menos 11 pessoas morreram ontem nos dois estados em decorrência de enchentes e deslizamentos. Enquanto do outro lado da ponte sobre o Rio Paraíba do Sul, no município fluminense de Sapucaia, um desmoronamento soterrava sete casas na Rua dos Barros, no Bairro Jamapará, provocando ao menos oito mortes, o Córrego Limoeiro se levantava em onda de lama de oito metros para devastar Além Paraíba e derrubar barreira que isolou o principal hospital da cidade. Na Vila Santa Rita, um dos pontos mais atingidos pela nova catástrofe na Zona da Mata, o cenário que o Estado de Minas encontrou foi idêntico ao de Guidoval – comparado por homens do Exército experientes em missões internacionais como "um pedaço do Haiti". Com a tragédia em Além Paraíba, subiu para 15 o número de mortes no estado em decorrência da chuva. Já são 116 cidades municípios em situação de emergência.
Em Além Paraíba, ruas inteiras de calçamento e asfalto descascadas como se fossem de areia. Casas, muros e veículos revirados aos cacos. Dezenas de moradores espalhados, desolados e sujos, de caminhar sem direção, ainda sem acreditar no ocorrido: o Rio Paraíba do Sul, abarrotado, sem espaço para dar vazão ao Córrego Limoeiro, levou e destruiu tudo o que encontrou pela frente. O resultado do excesso da água espessa e amarela lavou raio de quilômetros como se bairros e vilas fossem maquete com casinhas e carrinhos de plástico. E pessoas. Até a noite de ontem, a Defesa Civil contava três mortos e muitos moradores falavam em desaparecidos.
Não se sabe ao certo o número de desabrigados. Mas casos tristes não faltam pelas esquinas de Além Paraíba. Uma mulher grávida, funcionária pública, perdeu o bebê por não conseguir chegar ao Hospital São Salvador, com seu único acesso interditado.
Os mortos na madrugada de desespero e dor, até à noite de ontem, são Maria Aparecida Alves, de 32, e o filho, Igor Alves, de 3, e um homem ainda não identificado. Os corpos de mãe e filho aguardavam liberação no necrotério do cemitério municipal. Na delegacia, onde policiais procuravam dar apoio à família, a tia de Maria Aparecida, Eliane da Silva, de 42 – na companhia do marido, José Maria, de 58, lavrador – contou que a sobrinha, sem marido, deixa duas filhas: Letícia, de 6, e Leandra, de 9.

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