segunda-feira, janeiro 16, 2012

Índios invadem fazenda em Itaju e fazem delegado e vaqueiros reféns

Um delegado da Polícia Civil da cidade de Potiguará foi feito refém por cerca de três horas na manhã desta segunda-feira (16), na fazenda da qual é proprietário, localizada na cidade de Itaju de Colônia, região sul da Bahia. De acordo com o delegado Teodoro Ribeiro, ele estava na fazenda com sua mulher, três vaqueiros e suas famílias, quando dezenas de homens, armados e encapuzados, invadiram o local e determinaram que todos saíssem do local para ocupação das terras.
“Estava em casa, na sede, ia sair cedo para trabalhar, mas chegaram dizendo que eram índios. Só que tinha de todas as raças – pretos, brancos, pardos, loiros. Não tinham reconhecimento nenhum. Estavam armados com rifles, escopetas, armas longas e curtas, dizendo para sair da casa, porque iam invadir, jogar bombas”, relata o delegado. O caso foi iniciado antes das 7h.
Ribeiro conta que os invasores gritavam dizendo que sabiam que ele era delegado e que, em respeito, queriam que as pessoas saíssem “numa boa”. “Minha esposa ficou desesperada. Eu confirmei que era delegado, que estava armado, mas que não iria trocar tiros, e aceitava conversar com um deles. Depois de quase três horas de conversa, para ganhar tempo, fui saindo em marcha lenta de carro e, pelo retrovisor, vi um monte de gente no curral correndo em alta velocidade para a casa onde estávamos. Chegou um tempo no Brasil em que um delegado é feito refém em sua própria fazenda”, desabafa.
Os três vaqueiros rendidos e suas famílias permaneciam no local em guarda dos índios até o fim da manhã desta segunda-feira. O delegado não sabe como irá proceder para salvaguardar as pessoas, entre elas, crianças filhas dos vaqueiros, além do gado e todo o seu patrimônio material.
Durante o tempo em que permaneceu sob ameaça, o trabalhador de uma fazenda vizinha, Reginaldo Silva, recebeu um SMS do delegado em seu celular e avisou o caso à Polícia Federal. “A mensagem foi enviada às 7h23, mas só vi por volta das 8h. Dizia assim: ‘Fazenda foi invadida, Regis. Socorro’. Eu não podia pegar o carro e ir lá. Então liguei para a PF e contei à delegada que ele pedia socorro”, descreve o trabalhador, que mora a cerca de 10 km da fazenda invadida.
Reginaldo conta que dois vaqueiros, colegas de trabalho, foram assassinados há três anos e onze dias na região e que o histórico de violência assusta a população. “Tenho quatro filhos e minha menina pede todos os dias para sair desse trabalho. Mas não abandono meu emprego por medo jamais. O clima aqui é tenso. E vagabundo pode andar armado, homem de bem não”, avalia.

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