"Blatter quer violentar o Brasil", diz jornalista inglês
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, e o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, já fizeram diversas críticas à capacidade do Brasil de organizar uma Copa do Mundo. A pouco mais de dois anos da competição, o impasse em torno da Lei Geral da Copa não foi resolvido, provocando uma queda de braço entre os dirigentes e as autoridades brasileiras.
As críticas atingiram um tom agudo na última semana, quando Blatter, em um evento na Rússia, afirmou que a organização da Copa do Mundo de 2018 está mais adiantada do que a do Brasil, atual país-sede. Pouco antes disso, Valcke já havia comparado o desempenho do Brasil ao da África do Sul, país que teve notórios problemas com atrasos nas obras e inúmeras dificuldades de infra-estrutura antes e durante o torneio.
O Jornal do Brasil entrevistou, com exclusividade, o jornalista inglês Andrew Jennings, um dos maiores especialistas do mundo na política que gira em torno da entidade máxima do futebol. O repórter da rádio britânica BBC 4 é autor do livro "Jogo Sujo - O Mundo Secreto da Fifa", no qual traz à tona esquemas de corrupção envolvendo os principais dirigentes da Fifa, como Blatter.
Irreverente, Jennings é categórico ao falar sobre os interesses de Blatter no Brasil: "Ele vai pedir dinheiro, investimentos, mudanças e depois vai apenas embora, deixando a conta para o país pagar".
JB: Na sua opinião, as constantes críticas de Blatter e Valcke à organização da Copa do Mundo no Brasil são apenas uma forma de pressionar para que seus interesses comerciais sejam atendidos?
Jennings: Com certeza. As leis sobre os idosos, as entradas e a bebida alcoólica são do país. O Blatter, ao pedir mudanças nesses quesitos, está visando apenas os interesses comerciais da Fifa e não o interesse do país.
JB: Várias pessoas consideram a Fifa como uma predadora, ficando com todo o lucro das Copas do Mundo e deixando para os países apenas as despesas. Isso é verdade?
Jennings: A Fifa vai pedir dinheiro, investimentos, mudanças e depois vai apenas embora, deixando a conta para o país pagar.
JB: Como o senhor avalia a postura das autoridades brasileiras (como a presidente Dilma Rousseff e o deputado federal Romário) nas negociações com a Fifa?
Jennings: Blatter quer violentar o Brasil. Ele é um corrupto, uma vergonha para a humanidade. Romário e outros congressistas têm feito um bom trabalho contra essas pessoas, que estão apenas usurpando os recursos do país. A presidente Dilma Rousseff deveria expulsar Blatter, Valcke e sua quadrilha do Brasil permanentemente.
JB: O senhor acha que a Fifa está aproveitando o montante de investimentos para a Copa do Mundo para promover negociatas?
Jennings: Nós sabemos que o Brasil é um país que ainda tem problemas sérios com a corrupção, assim como a África do Sul. Blatter só vai usar os recursos financeiros do país para ganhar mais dinheiro.
JB: Se o senhor tivesse que deixar um alerta para o povo brasileiro, o que diria?
Jennings: Eles só pensam nos patrocínios quando pedem mudanças nas legislações nacionais, como ocorre agora na questão da bebida alcoólica [a cervejaria Budwiser é uma das principais patrocinadoras da Copa do Mundo]. O Brasil é um país soberano e por isso deveria proibir o Blatter de tomar decisões que possam afetar as leis do país.
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