segunda-feira, fevereiro 27, 2012

CRÍTICA: Acontecimentos em tramas precisam causar comoção

O escritor americano Jonathan Safran Foer é autor, entre outros, do imperdível “Tudo se ilumina” e do interessantíssimo “Comer animais”. Anteontem, a revista “Serafina”, da “Folha de S. Paulo”, publicou uma entrevista em que ele conta estar desenvolvendo uma série para a HBO. Sua criação é sobre uma família judia. “Não tem uma trama. É só uma história sobre como as pessoas se relacionam”, disse Foer à repórter Adriana Küchler.
“Acontecimentos” nas séries de televisão são, eventualmente, um recurso bom e necessário; mas, outras vezes, representam apenas um truque de que os roteiristas abusam.
“Família Soprano”, por exemplo, se arrasta mais na esteira da emoção pura do que puxada por “acontecimentos”. E é, com justiça, considerada uma das melhores produções da TV até hoje. O mesmo se pode dizer de “Em terapia”. A série — formato israelense já negociado para emissoras do mundo todo — vive quase que exclusivamente da narração do estado de ânimo dos pacientes que frequentam um consultório de psicanálise. Escassez de “acontecimentos” é justamente a riqueza desse programa.
Por outro lado, não dá para imaginar “24 horas” sem aquela sucessão de viradas. Elas servem para iludir o espectador, que, por sua vez, quer isso mesmo de Jack Bauer e sua turma. Em geral, é assim com os enredos policiais. Mesmo os mais lentos, como “The killing”, estão presos aos “acontecimentos”. É um inexorável traço da própria natureza do gênero.
A dificuldade é que o repertório de truques se esgota. A televisão está cheia de programas que não conseguem o almejado efeito surpresa. “Body of proof”, estreia recente do AXN, é só um exemplo disso. Não empolga. Os “acontecimentos” não desmerecem uma trama. Mas precisam causar alguma comoção.
Enfim, são dois estilos de roteiros, um baseado em ação e outro, em emoção. O perigo, de um e de outro, é que os “acontecimentos” não sejam verossímeis e a emoção seja falsa. Aí, o que se tem é apenas um programa desinteressante.

‘Esquenta!’ valoriza o improviso
Luciana Gonçalves de Novaes, ex-estudante da Estácio de Sá, vítima de uma bala perdida dentro do campus em 2003, foi parar no palco do “Esquenta!” e cantou com Arlindo Cruz. A moça estava na plateia, Regina Casé a viu e a chamou de improviso.

...E mais
Luciana estava de cadeira de rodas e usando um respirador eletrônico. Sua presença emocionou todo mundo no palco. O programa foi gravado antes do carnaval e ainda não foi ao ar.

CRISTIANA OLIVEIRA prestigiou a Ressaca do Bloco da Preta, que animou uma legião de foliões que se despediam do carnaval na última sexta-feira no Clube Monte Líbano, na Lagoa

Assombração
Biafra já era. Sérgio Mallandro estrelará a nova campanha da Bradesco Seguros. No filme, com seu “glu glu”, ele assustará até mesmo Jason, o vilão da franquia “Sexta-feira 13”, que estará assombrando um casal.

NOTA 10
Para o clipe com a música original da abertura do “Fantástico”, de 1973, com imagens da primeira vinheta de todas e de atrações que foram ao ar de lá para cá. Foi exibido anteontem. Uma homenagem bonitinha.

NOTA 0
Para o “Manhattan connection”, que reinventou o português tascando a palavra “invensão (sic)” numa legenda. Foi na discussão em torno da decisão do governo francês de abolir o termo mademoiselle dos documentos públicos. (Patrícia Kogut)

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