quarta-feira, fevereiro 08, 2012

PM relata invasão de Prisco a batalhão e o classifica de ‘delinquente’; líder grevista tentou matar colega

PM relata invasão de Prisco a batalhão e o classifica de ‘delinquente’; líder grevista tentou matar colega
Foto: Rodrigo Lago / Bahia Notícias
Nove de Janeiro de 2002. O então soldado da Polícia Militar da Bahia, Marco Prisco Caldas Machado – lotado no Corpo de Bombeiros –, foi exonerado das fileiras da corporação, por ter chefiado um levante na sede do 8º Batalhão da PM, em São Joaquim, no centro de Salvador. O Bahia Notícias ouviu, nesta quarta-feira (8), o depoimento de um dos PMs que integravam a ala de resistência à incursão que foi atacada pela tropa insurgente. De acordo com o relato, dias antes da sua demissão, Prisco invadiu o quartel com um grupo de rebelados, a fim de expulsar o coronel Patrício da caserna. Ele disparou três tiros contra o líder do pelotão de 12 homens que tentava proteger o comandante da unidade. “Nós estávamos lá cumprindo o nosso dever. Em momento nenhum nós reagimos aos tiros. O grupo tem que estar preparado para isso. Dominar sem matar e saber fazer uso de armas não-letais”, testemunhou o PM. Por sorte, Prisco errou todos os disparos. Segundo o policial, após o insucesso da investida, a confraria fugiu pelos fundos do 8º Batalhão. Os rebeldes saltaram do 1º andar do prédio, por meio de uma Tereza – corda feita de lençóis –, em direção à Feira de São Joaquim. “Ele é um deliquente”, definiu o militar, que já se cruzou diversas vezes com o seu algoz em operações na cidade. “Mas não nos cumprimentamos. Nem eu falei com ele e muito menos ele veio falar comigo”, acrescentou. Agora, em relação à greve da PM baiana, liderada por Prisco, o policial não tem dúvidas em classificar o evento como “baderna”. “Para mim, é um monte de baderneiro que torna a sociedade refém de um grupo de deliquentes”, avaliou.
Antes do episódio que custou o seu emprego, em 2001, Marco Prisco já tinha comandado ações semelhantes, a exemplo da interdição ao portão de acesso do quartel do Corpo de Bombeiros, na região do Iguatemi. Depois da sua expulsão da PM, passou a se articular com entidades representativas de policiais e com a política. Disputou e foi derrotado em duas eleições: tentou ser vereador soteropolitano pelo PSOL, em 2008, e deputado estadual pelo PTC, em 2010. O partido, em Rondônia, inclusive, o acusa de falsidade ideológica e chegou a pedir a sua prisão por ele ter se passado por parlamentar da sigla. Após fundar a Associação dos Policiais, Bombeiros e dos seus Familiares da Bahia (Aspra), braço local da Associação Nacional de Entidades de Praças Militares (Anaspra), passou a integrar mobilizações de paralisação da atividade policial em diversos estados do país. Sem deixar a intenção de obter um mandato de lado, filiou-se ao PSDB e é pré-candidato a uma das cadeiras na Câmara Municipal de Salvador este ano. De todo modo, tenta retornar à corporação. O processo de pedido de reintegração de Marco Prisco Caldas Machado à Polícia Militar está, atualmente, no gabinete do desembargador Paulo Fortunato para a tomada de decisão.

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