Vídeo mostra atos de vandalismo durante dia de caos no transporte
Pane em trem da SuperVia na manhã desta quinta-feira levou a levante de passageiros que transformou cinco estações em praça de guerra. Com saques, quebra-quebra e ação incendiária, a manifestação interrompeu a circulação de trens por mais de uma hora e meia, e 80 mil usuários ficaram a pé. Imagens mostram cenas de depredação em estação, com direito a roubo de cartões.
A Polícia Militar e a Guarda Municipal usaram bombas de efeito moral, gás de pimenta e armas não letais para conter manifestantes. Houve depredação e saques em Sampaio, Madureira, Deodoro e Engenho Novo. Quarenta e uma pessoas receberam atendimento médico, e 23 delas foram para o Hospital Souza Aguiar, no Centro.
“Estava na plataforma filmando a confusão quando os policiais chegaram atirando balas de borracha. De repente, senti uma queimação: levantei a camisa e vi minha barriga sangrando”, relata a auxiliar de serviços gerais Viviane Lima, 24 anos.
A revolta explodiu quando uma composição do ramal Queimados, que seguia para Central, parou perto da estação de Sampaio, às 6h57. Passageiros ficaram 15 minutos no trem fechado, sem luz nem ar-condicionado. Sem informação, usuários forçaram as portas e tomaram os trilhos.
“Achamos estranho o maquinista sair da composição, entrar em outro trem e ir embora. Ninguém sabia o que estava acontecendo”, contou o eletricista Robson Rodrigues, 38 anos, que teve ferimentos nos braços.
O problema se propagou para outras estações e 5 fecharam. O atraso chegou a 40 minutos nos ramais de Japeri, Deodoro e Santa Cruz. Indignados com a falta de informação, usuários arrancaram catracas. Em Madureira, lojas, bilheteria e estande de empréstimo de livros foram saqueados. Em Deodoro, passageiros atearam fogo em caixa eletrônico e apedrejaram monitores.
Quando voltaram a circular, os trens seguiram de Sampaio à Central sem parar. A manobra, que impediu passageiros de saltar onde gostariam, acendeu mais um pavio e houve nova manifestação e conflito com a PM na Central.
Policiais do Batalhão de Choque e guardas usaram pistola de choque e spray de pimenta para conter os usuários, que exigiam o dinheiro de volta. Lojas do saguão principal fecharam.
“A gente já desembarcou na Central recebendo spray de pimenta na cara. Um homem que estava do meu lado passou mal e teve crise epilética. Ele ficou meia hora jogado no chão”, reclama a cozinheira Vera Lúcia Augusta, 54. O estoquista Caio Marcos Alves da Silva, 22, foi atingido por um golpe de cassetete: “Desci na Central para tentar consertar meu vale-transporte e levei uma pancada no braço”.
O motorista Ricardo Alexandre, 35, explicou que esperou 40 minutos na plataforma. Na Central, lixeiras foram jogadas para o alto e um painel publicitário foi quebrado. “O trem pegou uma linha secundária e foi direto, sem paradas. Todo mundo desembarcou revoltado”, afirma.
Rodrigo Luiz da Silva, 23, tentou furtar TV LCD de um quiosque e foi preso. “Ele colocou a televisão na cabeça e saía da estação quando foi flagrado por PM”, disse o delegado titular da 4ª DP (Central), Henrique Pessoa.
O montador de máquinas Ivanildo Jesus da Silva, 31, perdeu parte de um dedo: “O trem estava superlotado e os passageiros começaram a descer quando ele parou. Me empurraram e eu segurei forte para não cair mas não aguentei”.
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