sábado, março 03, 2012

A farsa na morte de Marighella


"Eu vi os policiais colocando o corpo no banco de trás do carro", revela o fotógrafo que registrou a imagem do guerrilheiro executado. Essa testemunha desmancha a versão dos militares para esconder como foi abatido o inimigo número 1 da ditadura
A primeira foto é a da versão oficial que o fotógrafo Sérgio Jorge foi obrigado a registrar. A segunda é uma nova reprodução feita por ele: um modelo foi usado para mostrar como estava Marighella antes da encenação policial
A primeira foto acima, à esquerda, correu o mundo depois da noite de 4 de novembro de 1969. Ela era vista como prova da iminente vitória do governo contra a oposição armada à ditadura militar brasileira. Carlos Marighella, 58 anos, o terrorista mais caçado do País, líder da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização responsável por dezenas de assaltos a bancos e explosões de bombas, estava morto. Amigo de Fidel Castro, celebrado pela Europa como principal comandante da guerra revolucionária na América do Sul, Marighella tinha levado quatro tiros numa emboscada policial na alameda Casa Branca, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Segundo a versão dos militares, o guerrilheiro fora atraído para um “ponto” com religiosos dominicanos simpatizantes da ALN e trocara tiros com os agentes que varejavam o local do encontro. Um conceituado fotógrafo da revista “Manchete”, Sérgio Vital Tafner Jorge, então com 33 anos, fez o clique da câmara rolleiflex que registrou Marighella estirado no banco traseiro do fusca dos dominicanos. Barriga à mostra, calça aberta, dois filetes de sangue escorrendo pelo rosto.

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