Agricultores da cidade de Pau Brasil, na manhã de ontem, e, por cerca de três horas, debateram com a comunidade rural proposta para encerrar a disputa de terras na região sul da Bahia, pelo menos até julgamento do caso pelo STF (Supremo Tribunal Federal), ainda sem previsão de ocorrer. De acordo com Cleide Aguiar, secretária-geral do sindicato, o encontro foi marcado pela presença de cerca de 60 pessoas, que rejeitaram a manutenção da paz se os índios não desocuparem doze fazendas localizadas nas imediações do rio Pardo. A reportagem é do G1 Ba. “O delegado veio pedir para que a situação fique como está. Os índios permaneceriam ocupando as áreas já invadidas e ficariam na paz. Os agricultores fizeram contraproposta, pedindo para que eles se retirassem pelo menos das doze últimas fazendas invadidas, aí sim teria clima de paz. Paz só existe se eles se retirarem das propriedades”, afirma.
A secretária-geral do sindicato afirma que as 68 fazendas invadidas na região sul são de pequeno e médio porte e produzem leite e gado de corte, em sua maioria. A contraproposta feita pelos agricultores deve ser encaminhada para análise à coordenação local da Fundação Nacional do Índio (Funai). A reunião foi mediada pelo delegado federal Alex Cordeiro, de Ilhéus, e pelo delegado do Comando de Operações Táticas (COT), que está na região com cerca de 30 homens da tropa especial desde a tarde de domingo (22). Representante do mesmo sindicato, porém sediado na cidade vizinha de Iraju do Colônia, Hamilton Cardoso comenta que, de domingo (22) para esta segunda, duas outras fazendas foram invadidas e um curral foi queimado, inclusive pondo em risco a vida de parte do gado. “Queimaram a cerca, até animais morreram pegando fogo”, conta.
Os delegados titulares da Polícia Federal de Ilhéus não trabalham na delegacia nesta segunda-feira porque é feriado municipal na cidade em homenagem ao dia de São Jorge. Os delegados que participaram do encontro estão sediados na área de conflito, entre os municípios de Pau Brasil, Itaju do Colônia e Camacan.
O G1 não consegue contato com eles. A reportagem também tenta contato com o representante local da Funai, Wilson Jesus de Souza, mas ainda não obteve sucesso.
No domingo (23), o delegado federal Rodrigo Reis comentou que há conhecimento de que cerca de 64 fazendas já foram tomadas pela população indígena, mas a Fundação Nacional do Índio (Funai) aponta 68.
A série de ocupações por parte dos índios foi iniciada em janeiro deste ano, porém o conflito persiste na região há mais de 30 anos. O cacique Nailton Muniz indicou que, durante as últimas décadas, 393 propriedades foram empossadas pelos índios em todo o estado, com atualmente mais de quatro mil pessoas residentes.
O delegado afirmou ainda que não há como relacionar, sem investigar, os crimes ocorridos nos dois últimos dias com a situação de disputas de terra que ocorre na região.
No sábado (21), um homem foi encontrado morto dentro de uma fazenda com um tiro na nuca. Na sexta-feira (20), um índio foi pescar no rio em uma das fazendas ocupadas e foi atingido com um tiro na perna.
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