quinta-feira, junho 14, 2012

Brasil adota otimismo contra PIB fraco

A equipe econômica do governo federal vai insistir em um discurso positivo para a economia neste ano, mas, internamente, todos os técnicos admitem que são remotas as chances de o Produto Interno Bruto (PIB) crescer mais do que 2,5%, tamanha é a gravidade da crise europeia, que já contamina com força os Estados Unidos. A avaliação dentro do governo é de que as medidas anunciadas até agora pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, como estímulos à atividade "são de curto calibre" e, na verdade, só evitarão o pior. O problema enfrentado pelo Brasil e pelo mundo é a falta de apetite do setor privado pelo risco, o que está travando os investimentos. Para os técnicos do governo, mesmo que a taxa básica de juros (Selic) caia dos atuais 8,50% para 7% ao ano nos próximos meses, os efeitos só serão sentidos, na melhor da hipóteses, no ano que vem. Os empresários que têm conversado com integrantes do governo alegam que precisam da garantia de uma taxa de retorno de 12% para os novos negócios – ampliação e abertura de fábricas. Em tempos de normalidade, com a Selic atual, muitos já se sentiriam confortáveis para tocar os projetos que estão engavetados, uma ajuda e tanto para a atividade e o mercado de trabalho. Mas, quando descontam os riscos vindos da Zona do Euro e dos Estados Unidos, o retorno cai para 7%. Ou seja, ainda está mais vantajoso deixar o dinheiro aplicado em títulos públicos, rendendo sem riscos, e esperar por tempos melhores, do que investir no setor produtivo em um quadro de tanta incerteza. Entre os técnicos do governo, os EUA se tornaram exemplo frequente para exemplificar o porquê de o "espírito animal" do empresário estar tão arredio. Os juros da maior economia do mundo estão próximos de zero. Contudo, as maiores companhias estão sentadas sobre um caixa com pelo menos US$ 2 trilhões, o equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

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