Professor da UFRJ acusa Rede Globo: "Gigante de pés de barro"
A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) voltou a se defender, nesta segunda-feira, das acusações de desvio de verbas públicas e “irregular dispensa de licitação” do Banco de Brasil. As denúncias seriam alvo de reportagem a ser veiculada no programa Fantástico deste domingo (11) - a reportagem acabou sendo adiada para o próximo domingo (18). Uma reunião para esclarecimento foi realizada na manhã desta segunda-feira (12) entre a reitoria e professores. Márcio Amaral, professor do departamento de Psiquiatria, fez duras críticas à Rede Globo, chamada por ele de “gigante de pés de barro”: “Este canal quer fazer do Rio de Janeiro um curral. A única resistência possível é a UFRJ, e é preciso lembrar também: eles é que precisam nos temer”, disse Amaral, dizendo ainda que a Controladoria Geral da União, que encaminhou a denúncia contra dirigentes da universidade através de um Processo Administrativo Disciplinar.
Em reunião com os professores, o reitor Carlos Levi garantiu a transparência das contas da universidade, e lamentou o que ele chamou de “mancha” na trajetória de um ex-reitor da UFRJ, morto em julho de 2012: “É um episódio grave, que afeta diretamente a memória de Aloísio Teixeira [ex-reitor, que morreu este ano]”, contou o reitor, que ainda comentou o adiamento da matéria do Fantástico. ”Esperamos que a reportagem possa incluir um conteúdo que represente as verdadeiras ações que nós defendemos.” O reitor Carlos Levi classificou as denúncias do Fantástico como “inverídicas, principalmente no que diz respeito ao desvio de recursos públicos para uma instituição privada”, e lembrou que a Fundação Universitária José Bonifácio foi feita exatamente com o objetivo de repassar os recursos , vindos do Banco do Brasil, à UFRJ. Em nota divulgada neste sábado (10), a universidade declara ter celebrado um contrato, em julho de 2007, em que coube à Fundação José Bonifácio gerenciar R$ 43 milhões que foram repassados à universidade para melhoras estruturais. A UFRJ garante que o Banco do Brasil é responsável pela administração da folha de servidores da instituição. Levi, porém, reconheceu que o uso do dinheiro público no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), no Hospital Escola São Francisco de Assis (Hesfa) e na Residência Estudantil merecem mais atenção e melhor utilização. Os pontos mais críticos são os equipamentos sem uso no porão do HUCFF, além do próprio sucateamento dos estabelecimentos universitários.
Hospitais questionados
Se por um lado a denúncia envolvendo o Banco do Brasil e a UFRJ é negada com veemência pela instituição, o mesmo não se pode dizer da situação do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho(HUCFF), do Hospital Escola São Franciso de Assis(HESFA) e da Residência Estudantil. O reitor Carlos Levi admite que o uso da verba pública nos hospitais merece uma revisão. No caso do HUCFF, o reitor lamentou a falta de investimento nas universidades federais ao longo dos anos 90. Caixas de equipamentos novos em folha estão estocados no subsolo do hospital, esperando por reformas no hospital para que sejam instaladas. Um novo aparelho de raio-x, por exemplo, custa cerca de U$ 380 mil(cerca de R$ 760 mil): “É certamente desagradável conviver com essa situação. Esses equipamentos estão esperando reformas que, infelizmente, não estamos conseguindo realizar. Não temos muitas providências a não ser fazer com que as obras sejam realizadas”, disse. Sobre o Hospital Escola São Francisco de Assis, o edifício histórico tem como a dificuldade de restauração um dos principais argumentos para a demora na realização das obras: “Ali é uma conjunção mais complicada de dificuldades. Tivemos muitas frustrações nos processos licitatórios, porque são poucas as empresas capacitadas a fazer isso”, lamentou o reitor. Entre 2007 e 2012, foram para as duas instituições cerca de R$ 357 milhões: R$ 341 milhões para o HUCFF e R$ 15 milhões para a HESFA. O montante é proveniente da Fundação Universitária José Bonifácio, que repassa os recursos dados pelo Banco do Brasil; do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Federais e do Fundo Nacional de Saúde, ambos do Ministério da Saúde. Ocorreu, ainda hoje, a primeira fase da licitação da reforma geral da Residência Estudantil. Onze empresas estão habilitadas para concorrer, e a reforma prevê a recuperação total do prédio, além da construção de um novo complexo residencial na Cidade Universitária e que comportará mais 500 vagas para os estudantes de graduação. (JB)
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