quinta-feira, dezembro 06, 2012

“Obrigado e desculpa”: Homossexual agredido em SP publica vídeo e repercute na internet


Um estudante de Direito da Universidade de São Paulo (USP), André Baliera, de 27 anos, foi espancado por dois homens quando voltava a pé para casa pela Rua Henrique Schaumann, em Pinheiros, na noite desta segunda-feira (03). Por volta das 19 horas, o também estudante Bruno Portieri, de 25 anos, e o personal trainer Diego de Souza, de 29 anos, passaram dentro de um carro ao lado de André e passaram a ofendê-lo por conta de sua orientação sexual. Quando ele mencionou que pegaria uma pedra para se defender, os dois homens desceram e começaram a agredi-lo. Só pararam quando policiais militares chegaram para ver o que ocorria e detiveram os dois amigos. Nesta quarta, a Secretaria da Justiça e Cidadania de São Paulo afirmou que irá processar, com base na lei paulista anti-homofobia, os dois agressores. Com escoriações na cabeça, dores no corpo e sem dormir, Baliera ainda estava confuso e transtornado na tarde da terça-feira (04). “Assumo que trocamos ofensas. Mas a atitude deles era de como se bater em alguém fosse a coisa mais comum do mundo.” Na noite de segunda (02), após a prisão, Portieri deu entrevista à TV Record e culpou a vítima pela agressão. Joel Cordaro, advogado dos dois agressores, dá outra versão. “Tudo começou porque eles pararam na faixa de pedestre e a vítima mostrou o dedo do meio. Eles foram provocados”, afirma. Segundo ele, não seria possível saber que André era homossexual apenas o vendo atravessar a rua. O advogado já entrou com pedido de habeas corpus.
Indignado com a versão dos advogados, André publicou nesta quarta-feira (5) um vídeo em que relata o que aconteceu. A descrição no YouTube diz: Diante de uma tentativa de homicídio, diante das mentiras que tenho lido a meu respeito pelo advogado do outro lado, diante da solidariedade das pessoas que entraram em contato comigo e em um sincero pedido de desculpas pela ausência nesses dias horrorosos que tenho vivido fiz esse vídeo pra conseguir atingir o maior número de pessoas e pedir JUSTIÇA.
Nos 12 minutos de imagens, André conta: “Eu quero deixar claro que tudo começou porque o cara mais alto, o Bruno, começou me ofendendo por conta da minha orientação sexual. Eles dizem que não tem como saber que eu sou gay. Mas tem sim, porque eu não escondo. Pelos meus trejeitos, talvez minha maneira de vestir. Fato é que eles começaram me ofendendo por conta da orientação sexual e tudo acabou como acabou”. O vídeo, visto mais de 21 mil vezes no YouTube, está bombando também no Facebook. Amigos e integrantes de movimentos anti-homofobia já planejam nas redes sociais passeata na Avenida Paulista e outras ações. Para o deputado federal Jean Wyllys, não foi um fato isolado. “Casos assim são uma reação à própria visibilidade da comunidade LGBT.”

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