domingo, dezembro 02, 2012

Sujeira perigosa

É sacolejando no aperto de uma cabine de alumínio abafada e quente, entre a boleia e o basculante de um caminhão, que os cinco garis de uma das equipes da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) percorrem Belo Horizonte para desobstruir parte das 60 mil bocas de lobo da cidade. Uma jornada árdua que envolve a remoção das pesadas grelhas e as enxadadas que trazem à tona o lixo que a cidade não quer e descarta de forma incorreta. A reportagem do Estado de Minas trabalhou dois dias ao lado desses garis para conferir o que os belo-horizontinos jogam nas ruas: resíduos domésticos, detritos de construções e lixo, além de bichos mortos, animais peçonhentos e até cadáveres. Os garis chegam a encher um caminhão por dia ao limparem até 40 bocas de lobo. Só neste ano, até agosto, foram 3,3 mil toneladas em 337 mil ações de limpeza, de acordo com a SLU, média de 13,5 toneladas por dia. Cada parte da cidade descarta coisas diferentes nas bocas de lobo. Nos bairros residenciais o volume maior é de lixo doméstico, poda e entulho depositados nos passeios e levados pelas chuvas. Nos pontos de ônibus a falta de paciência de passageiros converte as grelhas em alvos para bitucas de cigarro e embalagens de alimentos. Áreas de lanchonetes concentram copos descartáveis, salgadinhos e guardanapos na drenagem subterrânea. Até obras para reparar o pavimento contribuem para o entupimento quando são feitas com displicência e derramam asfalto sobre as grelhas.

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