Foi com a tinta de uma pena dourada, há exatos 125 anos, que a regente imperial princesa Isabel do Brasil assinou o documento que oficialmente pôs fim à escravidão no país. A Lei Áurea foi motivo de festa por uma semana no Rio de Janeiro, a capital, e comemorada com danças e fogos em Minas Gerais, província com maior número de escravizados. De 1888 até hoje, contudo, milhares de brasileiros seguiram subjugados por empregadores inescrupulosos, submetidos a condições que em pouco diferem das de senzalas e troncos dos antepassados. Apenas de janeiro a abril, cerca de 240 trabalhadores foram libertados de trabalhos em situação análoga à escravidão. Minas Gerais foi o estado no qual mais vítimas foram resgatadas, com 82 pessoas "alforriadas" nos quatro primeiros meses do ano, seguido de Mato Grosso do Sul (62) e de São Paulo (41). Nos últimos 10 anos, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) registrou 40.819 pessoas em situação de semiescravidão. Em Minas foram 2.143 trabalhadores no período, o terceiro maior número. Gente à procura de trabalho que acaba confinada em alojamentos sem água potável, saneamento, exposta a doenças e mantida por intimidação. Nos últimos anos, Minas Gerais esteve – com Pará e Goiás – entre os três piores registros de trabalho escravo do país. Não apenas por submeter gente de outros estados a essas condições, mas por seus cidadãos ingressarem no ramo degradante. A reportagem do Estado de Minas mostra, no campo e nos grandes centros, brasileiros de origem humilde e em busca de oportunidades levados à exaustão em trabalhos de condições precárias em carvoarias, nas lavouras e na construção civil.
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