Pesquisa Datafolha publicada neste domingo pelo jornal Folha de São Paulo comprova o que o Jornal do Brasil diz há muito tempo: brancos e ricos são maioria em estádios da Copa do Mundo. A enquete com torcedores que compareceram no sábado ao jogo do Brasil contra o Chile, em Belo Horizonte, confirma a percepção de que quem frequenta os estádios da Copa é a "elite branca". Entre os 639 entrevistados nos acessos à arena, 67% se declararam brancos e 90% pertencem às classes A ou B. O índice dos autodeclarados pretos (6%) é menos da metade na população em geral, de 15%. Segundo o jornal, o torcedor desta Copa se assemelha a um morador de bairros nobres da capital paulista, em termos de renda. Mas é ainda mais escolarizado e também mais diversificado etnicamente. Pretos e pardos são menos de 15% nesses bairros, metade do que se viu no estádio. Numa delas temos certeza de que o preço da entrada daqueles que xingavam talvez fosse o preço de uma moradia daqueles que não xingavam, mas protestavam contra sua exclusão da sociedade. Aqueles que xingaram estavam no paredão do anonimato, já os que estavam na passeata, enfrentaram o paredão policial. Os que xingaram, protestavam contra uma razão desconhecida. A razão que eles protestavam talvez fosse a própria razão deles estarem ali: estádios superfaturados e luxuosos, e multinacionais que em alguns países, por fazerem remessas indevidas de lucros, foram postas para fora. E aqui? Algumas dessas empresas ainda tiveram a condescendência do governo para não pagar impostos - assim não precisavam aumentar os preços dos seus produtos e atingiam o objetivo: maiores lucros. Hoje, querem comparar os que xingavam com aqueles xingamentos do passado, feitos por homens que, no processo político local, xingavam ou vaiavam os seus opositores. Os xingamentos ofensivos a uma chefe de Estado no país deles, na presença de chefes de Estado de outros países, com 3 bilhões de espectadores de outras nações, isso sim é a própria humilhação. Esquecem que os humilhados somos nós mesmos, o povo, a nação, o Estado brasileiro. Somos obrigados a fazer uma severa reflexão: o país não é um país onde os privilegiados ou os que xingam são a sua maioria. Pelo contrário, o país é de uma maioria absoluta de excluídos. Eles, excluídos, no seu imaginário, certos ou errados, pensam não ter mais nada a perder, a não ser as suas próprias vidas. É o que os levam a fazer uma tentativa de um mundo melhor. E a minoria? Acha que não deve dar espaços para que eles possam viver dignamente, ou acreditam que a unica solução é a felicidade do mercado, onde não existe a bolsa social, só existe a bolsa de valores. (JB)
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