Há um Rio onde meninas de pele dourada não desfilam à beira-mar, aonde turista não vai e onde nem mesmo a melhor das imaginações é capaz de transformar em letra de samba. São 11h20, na Nova Holanda, Complexo da Maré, favela ocupada pelo Exército. A rua está cheia de gente, principalmente crianças. Numa tenda improvisada, dois casais sentados ao chão riem, visivelmente entorpecidos. Seguem um ritual que lembra o fumo do narguilé, mas lá, na roda, estão pedrinhas, que de tão miúdas parecem inofensivas. São quatro, cinco, fumadas em sequência, num copo de água vazio. A média é de 16 por dia. Ali, na miséria, dia e noite não se separam.A fissura pelo crack, tema de série que O DIA começa hoje, é o que dita o compasso do tempo. “Ainda não dormi. Estou virado. Por ela, pela droga”, conta X., 37 anos, ao ser abordado por uma equipe de acolhimento da prefeitura.
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