Em meio à maior crise hídrica da história do Estado de São Paulo, Campinas será a primeira grande cidade do país a usar água tratada de esgoto para consumo humano. A medida foi anunciada nesta quinta-feira pela prefeitura e pela Sanasa, empresa responsável pelo fornecimento de água para a cidade de 1,1 milhão de habitantes, e deve atingir 7% da população. A água produzida atualmente a partir de esgoto tratado é de qualidade, mas não é potável. O produto é usado apenas em jardins e para lavar praças da cidade. No entanto, a construção de um sistema adutor estimado em 12 milhões de reais, em parceria com o Aeroporto Internacional de Viracopos, que já consome água de reúso para limpeza e outros serviços, vai permitir o consumo humano. A obra será concluída em um ano e meio. O novo sistema adutor, com 19 quilômetros de extensão, levará a água da Estação Produtora de Água de Reúso (EPAR) para a área de captação do Rio Capivari. Esse volume poderá elevar em até 290 litros por segundo a vazão do rio e incrementar em até 600 litros por segundo a capacidade de fornecimento do Rio Atibaia. Os dois rios integram a Bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e são abastecidos pelo Sistema Cantareira, que no interior atende 5,5 milhões de pessoas. "Esta medida traz dois ganhos: eliminação de odor e aumento da oferta de água na captação do Rio Atibaia, por meio da recarga do manancial com água de altíssima qualidade, com 99% de pureza, resultante da operação da EPAR", disse o prefeito Jonas Donizette (PSB). A água de reúso será adicionada ao volume do rio e passará por um novo tratamento, o que permitirá o fornecimento à população. "Os técnicos disseram que a água de reúso, que sai da estação de tratamento de esgoto, é mais limpa que a água do Rio Capivari", assegurou o secretário de Comunicação de Campinas, Luiz Guilherme Fabrini. A Sanasa informou que troca 123 quilômetros de rede por ano, mas pretende chegar a 140 quilômetros. De acordo com a empresa municipal, a cidade é que tem o menor índice de perdas no país - 19,2%. Entre outras ações anunciadas, está a criação de um programa de pagamento por serviços ambientais que prevê incentivos fiscais para pequenos proprietários, como a manutenção de mata ciliar. Além disso, a prefeitura vai tornar mais rigorosa a lei contra o desperdício de água. (Estadão)
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