segunda-feira, novembro 03, 2014

Nordeste socorre o Sudeste enviando energia elétrica

Domingo é dia de almoço em família, feijoada, missa ou descanso. Mas desde agosto outra rotina se estabeleceu no Brasil. No Nordeste, domingo é dia de enviar eletricidade para o Sudeste. A troca de energia entre regiões é comum. Nosso sistema é único, interligado. Mas, com raras exceções, diariamente o Sudeste, a “caixa d’água” do País, sempre sustentou o Nordeste. Um novo padrão na troca de energia, com a ajuda nordestina sempre programada para os domingos, não traz nada a comemorar. Ele veio por causa do Estado crítico dos reservatórios em Estados como São Paulo, pela falta de água, e tanto o Sudeste quanto o Nordeste compensam a escassez de chuvas com usinas térmicas, uma eletricidade cara e poluente. O custo é mais alto para o Brasil inteiro, não importa onde você mora. “É uma questão operacional. A troca de energia entre regiões leva em conta o menor custo em determinado dia ou hora”, explica Selma Akemi Kawana, gerente de planejamento e controle na consultoria Excelência Energética. “O Sudeste tende a importar mais energia por causa da questão hídrica”, comenta. O Sudeste é ao mesmo tempo o maior produtor e consumidor de energia do Brasil. Concentra mais de 60% da geração de eletricidade e sempre gerou excedente para o Nordeste, onde a produção é abaixo do consumo. Mas a escassez derrubou o nível dos reservatórios do Sudeste a 18%, uma situação crítica e que desde julho derrubou em mais de 10% a geração hidrelétrica. No mesmo período, a produção térmica na região subiu mais de 30%, batendo 42% só no mês passado. No Nordeste, o recuo médio das hidrelétricas também ficou acima de 10% no ano. A questão é que, para segurar a queda na região e ainda enviar para o Sudeste, as térmicas dispararam tanto que em agosto a alta foi de 142%, um aumento que no mês passado ficou em 62%.

Nenhum comentário: