segunda-feira, novembro 03, 2014

ONU faz alerta mais duro sobre mudanças do clima

O painel do clima da ONU lançou seu alerta mais contundente até agora dizendo que, se as emissões de CO2 não começarem a cair nesta década, será difícil impedir o planeta de ficar 2°C mais quente, limite mais arriscado do aquecimento global. Para que o planeta tenha 66% de chance de evitar cruzar essa fronteira, as emissões de carbono precisam cair até 70% por volta de 2050 e chegar a zero em 2100, aponta o relatório-síntese do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática). O documento, lançado ontem em Copenhague (Dinamarca), encerra o AR5 (5º Relatório de Avaliação) do painel resumindo conclusões de três grandes dossiês que o grupo de cientistas publicou nos últimos 12 meses. Apesar do tom grave adotado pelo documento, apontando que a atual trajetória ascendente das emissões resultará em impactos "irreversíveis", o relatório tentou passar uma mensagem otimista. Dos muitos cenários avaliados em simulações do AR5, só uma pequena fração parecia impedir um aumento de 2°C, mas foi essa que o IPCC escolheu enfatizar agora. "Tudo o que precisamos é vontade de mudança, a qual esperamos ser motivada pelo conhecimento e entendimento da ciência", disse Rajendra Pachauri, chefe do IPCC, em entrevista coletiva. O painel do clima insiste em dizer que "não é prescritivo", e que países são livres para decidir o que fazer das emissões de CO2, mas emite seu racado a apenas um mês da próxima reunião do clima com representantes de governos, em Lima (Peru). Manuel Pulgar-Vidal, ministro do ambiente peruano, que presidirá o encontro, estava no lançamento do relatório. Os cientistas decidiram incluir na síntese final do trabalho uma estimativa de quanto custará a transição para a economia limpa. Investimentos em combustíveis fósseis deverão cair US$ 30 bilhões ao ano durante as próximas duas décadas, mas energias renováveis aumentariam seu financiamento em US$ 147 bilhões ao ano no mesmo período. Ainda será preciso investir em eficiência energética algo em torno de US$ 350 bilhões por ano. São números realistas, argumenta o painel, realçando que setor energético já investe US$ 1,2 trilhão por ano. Se o planeta crescer de 1,6% a 3% por ano no século 21, o impacto da substituição de combustíveis fósseis por tecnologias como energia solar e eólica seria de apenas 0,06%, diz o IPCC, sem considerar os prejuízos que um clima fora de controle traria.

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