Sequestro de filha de vereador foi ordenado por detentos do RS
Após pelo menos 53 horas de cativeiro, uma garota de 16 anos — filha de um vereador de São Leopoldo — foi libertada na noite desta segunda-feira (15), em Canoas. Conforme a investigação, o sequestro teve o envolvimento de dois detentos da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc)/RS. A operação que prendeu duas pessoas no segundo cativeiro utilizado foi comandada pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), da Polícia Civil, e pela Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). A vítima passa bem e ajudou a identificar os cativeiros e a apontar detalhes do sequestro.
De acordo com o delegado Joel Wagner, titular da Delegacia de Roubos do Deic, entre os detidos está uma adolescente de 15 anos — ela foi apreendida junto com um homem (foto abaixo) por supostamente ajudar a monitorar a vítima.
O delegado afirma que a adolescente arquitetou a logística do crime, levando os dois homens que sequestraram a filha do vereador até o comércio do parlamentar onde ela estava, por volta das 17 horas de sábado. Uma mulher também teria participado do sequestro. A adolescente foi colocada dentro do porta-malas de um carro após o quarteto anunciar assalto. Quando os policiais invadiram o cativeiro, a filha do vereador estava deitada em um colchão dentro de uma casa sem energia elétrica e sob más condições de higiene e manutenção no bairro Rio Branco, em Canoas. A garota foi levada para essa casa no domingo — antes, permaneceu em outro local em São Leopoldo. Durante todo o tempo em que esteve no cativeiro, a garota ficou sem comer, recusando um prato de massa oferecido pelos sequestradores. Só foi fazer uma refeição — pizza, oferecida pelos policiais — na madrugada desta terça-feira, na sede do Deic. Após libertarem a filha do vereador, os agentes foram até um bairro de São Leopoldo onde ela teria sido sequestrada. Em uma residência, a polícia não encontrou suspeitos, mas apreendeu drogas e uma carteirinha de visitação da Pasc. A dona do documento pode ser o elo entre os presos e a vítima. Um terceiro cativeiro estaria sendo cogitado pelos criminosos, mas não chegou a ser usado. O objetivo da quadrilha, segundo o delegado Joel Wagner, era obter dinheiro em troca de libertação da vítima, o que configura extorsão mediante sequestro. O valor pedido, que não chegou a ser pago, não foi divulgado. — Estouramos os cativeiros e libertamos a vítima antes da extorsão se concretizar. Tudo graças ao trabalho de investigação e a parceria com a Susepe — destaca. Ainda na noite de segunda-feira, a Susepe, por meio do Grupo de Ações Especiais (Gaes) e em conjunto com servidores da Pasc, iniciou uma varredura na penitenciária, em busca de provas e para deter os dois envolvidos no crime. Os suspeitos seriam levados para o Deic na manhã desta terça-feira. — Não é uma questão nossa, do Rio Grande do Sul. Acontece e sempre aconteceu no mundo todo. A diferença, hoje, é a velocidade. Antigamente, os presos comandavam crimes usando bilhetes, advogados, visitas, o que demorava mais. Hoje, a tecnologia, com uso de celulares e internet, proporciona a instantaneidade — aponta Alberi de Moura Pereira, assessor para assuntos de segurança da Susepe. O vereador, pai da garota, agradeceu o trabalho da polícia e o empenho em libertar a adolescente. — Já sofri 34 assaltos, mas nunca tinham sequestrado um filho. Eles fizeram quatro contatos ainda no sábado. Hoje (segunda), recebi mais um telefone, com eles fazendo ameaças. Graças a Deus, ela foi libertada e está apenas com picadas de mosquito, sem nenhum ferimento — contou o parlamentar. Em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a identidade da vítima e da família são preservadas por Zero Hora.
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