Preocupada com a perda de competitividade relacionada ao aumento das importações de gás natural no Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) prepara-se para levar ao governo um pacote de propostas para "modernizar" a produção brasileira de gás em terra. Entre as ações, está o fomento a novas fontes de financiamento, a desburocratização do licenciamento ambiental e a redução do monopólio da Petrobras no transporte do combustível. "O esforço exploratório em terra apresentou forte desaceleração nos últimos dois anos. Esta desaceleração está associada à crescente dificuldade de financiamento", diz documento, ainda inédito, elaborado pela entidade. Intitulado "Gás natural em terra: uma agenda para o desenvolvimento e a modernização do setor", o documento ao qual o Brasil Econômico teve acesso foi elaborado com a coordenação do professor do Instituto de Economia da UFRJ Edmar Almeida, e deve ser apresentado em seminário no mês que vem. O objetivo é traçar um cenário do setor e apresentar uma série de medidas para fomentar o incremento da produção em terra. Segundo o texto, a produção brasileira de gás corresponde a apenas 20% da de petróleo, uma das menores taxas entre os maiores produtores mundiais. E, dessa produção, apenas 27% é proveniente de campos terrestres, que têm custo de produção equivalente a 20% do investimento necessário para produzir no mar. "Praticamente, toda a oferta adicional de gás doméstico e importado nos últimos quatro anos foi direcionada para o mercado termelétrico. Tendo em vista a expectativa de despacho térmico elevado, pelo menos nos próximos dois anos, existe o risco de o mercado não termelétrico continuar sem suprimento para a expansão da demanda", diz o texto, que cita projeções da Agência Internacional de Energia sobre potencial de produção em terra no Brasil, que poderia subir dos atuais 3 bilhões para 20 bilhões de metros cúbicos por ano em 2035.
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