Mais uma AM de São Paulo vai parar nas mãos da igreja

Hoje há uma disputa particular e que envolve centenas de milhões de dólares, entre os principais líderes evangélicos brasileiros, para ver quem leva o maior número de emissoras de rádio e televisão para as suas cores. Tudo isso às generosas vistas das autoridades, que nada fazem para impedir a desregrada e perigosa ocupação religiosa nos meios de comunicação, porque interesses terceiros e que sempre acabam influenciando nas urnas, acabam falando mais alto. A venda da frequência 700 AM, durante tantos anos ocupada pela rádio Eldorado de tamanha tradição entre os paulistanos e paulistas – especialmente da Baixada Santista, é um outro doloroso golpe, que praticamente põe a nocaute as esperanças de que ainda possa haver uma reversão neste quadro. Hoje, praticamente toda a faixa AM, em São Paulo, tem como donos ou arrendatários, seitas religiosas das mais diferentes bandeiras, como num entregar de pontos ao poder do dinheiro de origem desconhecida e não declarado. O estrago, observa-se com toda tristeza, está feito. Os caminhos usados para tornar viável a compra dessas emissoras de rádio e televisão são sempre tortuosos. O que se sabe é que o dinheiro sai das sacolinhas para as igrejas, que usam o nome de uma pessoa física para tornar possívela transação. Agora, como o repasse desse dinheiro da igreja – que não paga nenhum imposto, vai parar no nome de um terceiro é bem por onde acontece o pulo do gato. Como se vê, tudo é feito para tornar legal, algo que no fundo é misterioso e altamente questionável. A venda sacramentada da frequência 700 KHz vem estreitar ainda mais o já tão castigado mercado de radialistas e jornalistas. E quanto ao caso dela, foi venda mesmo. Não apenas um arrendamento. (Flávio Ricco)